Egídio Serpa: Ceará, está dentro do mar, o futuro da eólica

Escrito por Redação ,

Adiado por causa da comovedora tragédia do Edifício Andrea, o lançamento do Atlas Eólico e Solar do Ceará não prorrogou, porém, o alto interesse de investidores nacionais e estrangeiros pelo documento que dá diretrizes e joga luz em uma área da economia - a geração de energia renovável - que cresce em ritmo de frevo no Brasil e no mundo todo. O Atlas revela, por exemplo, que o potencial de geração de energia eólica "offshore" (dentro do mar) no litoral cearense alcança a extraordinária marca de 117 GW (gigawatts), algo semelhante a 70% da capacidade hoje instalada para a geração de energia no Brasil, incluindo todas as fontes - hidrelétrica, termelétrica, biomassa, eólica e solar. Tem mais: de acordo com o Atlas, o Fator de Capacidade Médio é de 62% - muito superior ao de 37% que se registra na Europa, onde a tecnologia "offshore" está muito mais avançada. Esse fator é o índice de eficiência no aproveitamento da potência instalada e, consequentemente, do investimento, crucial para o empresário.

Há, porém, outra informação ainda mais relevante extraída do Atlas: 80% das áreas de maior potencial de geração de energia eólica "offshore" têm menos de 20 metros de profundidade; os 20% restantes têm profundidade inferior a 10 metros.

Uma fonte do Governo do Estado e outra da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) confirmaram à coluna que, neste momento, empresas cearenses especializadas na construção de parques eólicos mantêm negociações com investidores nacionais e estrangeiros interessados em produzir energia eólica dentro do mar. "Temos um dos melhores e maiores potenciais para a geração de energia eólica 'offshore', e é por isto mesmo que há esse interesse, ampliado agora pelas descobertas do Atlas, elaborado depois de muito tempo de estudos e medições feitos por técnicos especialistas que também atualizaram o potencial dos bancos de vento nas diferentes regiões do interior do Estado, ou seja, em terra firme", como salientaram as duas fontes.

Se é muito boa a perspectiva para a geração eólica "offshore", é melhor ainda a da geração solar. Um diretor da Companhia de Cimento Apodi revelou à coluna que sua empresa optou por construir, ao lado de sua fábrica em Quixeré, um parque solar com potência de 6 MW por causa do custo, que "é bem mais baixo e descomplicado" do que o da geração eólica.

Protesto

Convidado pelo presidente do Sindicato da Indústria de Energia do Ceará (Sindienergia), Benildo Aguiar, virá a Fortaleza no dia 13 de novembro Rodrigo Limp, diretor da Aneel. Ouvirá na Fiec o protesto do empresariado cearense contra decisão da Aneel de cobrar imposto de quem produz - por geração solar - a energia que consome na sua própria casa ou no seu próprio negócio. Cobrar imposto do sol é demoníaco.

Vencedora

Foi a Casa dos Ventos, maior desenvolvedora de projetos eólicos do País, comandada pelo cearense Mário Araripe, a grande vencedora do leilão de energia eólica, realizado sexta-feira, 18, em SP. Dos 1.040 MW de capacidade instalada vendidos no leilão, 40% são de projetos desenvolvidos pela Casa dos Ventos. O maior deles - na Bahia - foi vendido, semanas antes do leilão, à empresa norueguesa Starkraft. Nenhum projeto eólico cearense foi leiloado. Por quê? Segundo uma fonte da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a causa é a grande dificuldade de obtenção do licenciamento ambiental, principalmente no litoral.

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