Egídio Serpa: Candidatos temem as corporações

Escrito por Redação ,

Candidato preferido do mercado neste segundo turno (no primeiro, o queridinho foi Geraldo Alckmin, que fez jus ao apelido de picolé de chuchu), Jair Bolsonaro está a decepcioná-lo. Quando todos esperavam a reafirmação de que a reforma da Previdência - a mãe de todas as reformas - seria a prioridade zero de um eventual governo seu, o capitão deu meia volta e acenou com a incrível declaração de que ela será feita a conta-gotas. Será que Bolsonaro, como seu adversário petista Fernando Haddad, está com medo da reação das corporações que hoje dominam a burocracia estatal?

Se for para repetir mais do mesmo, como sugere sua opinião sobre o modelo previdenciário e sobre a privatização da Eletrobras, Bolsonaro perderá não só votos, mas o respeito dos que apostam no seu discurso disruptivo. O Brasil está à beira do abismo. Basta um só empurrão para que todos caiamos juntos no imenso buraco da irresponsabilidade e da incompetência a que nos levou a dupla Dilma-Temer. A Previdência - a pública, principalmente - está quebrada e vem sendo financiada da pior maneira possível: pelo aumento da dívida, que está nos 80% do PIB.

Bolsonaro, se for o eleito, sê-lo-á para consertar o que está errado, custe o que custar - e vai custar muito caro, e vai demorar uns três anos para que o déficit seja superado pelo superávit, como aconteceu com Portugal, hoje um dos destinos europeus mais procurados pelos investidores e pelos aposentados do mundo todo.

Esta coluna ouviu ontem empresários cearenses da indústria. Eles revelaram uma certa decepção com as declarações do candidato do PSL, que tem um assessor de economia, Paulo Guedes, que também foi infeliz em declarações recentes e remotas sobre o que fazer para corrigir o rumo da economia brasileira. Há uma opção? - Foi a pergunta. "O pior é que a opção existente é pior. Pelo visto, teremos de votar no menos pior", disse o industrial.

Um atento observador das entrelinhas chamou a atenção da coluna: "Bolsonaro disse que a reforma (de Michel Temer) que hoje tramita no Congresso não passará porque é grande a reação das corporações dos diferentes setores do serviço público - incluídos os magistrados, procuradores, delegados de Polícia, Auditores da Receita Federal, altos funcionários do Senado e da Câmara e do Senado e também do Executivo.

Somos uma Nação de 208 milhões de habitantes, mas 75% da receita tributária destinam-se ao pagamento da folha de pessoal e de aposentados e pensionistas. Os 25% que sobram são insuficientes para as necessidades do custeio da máquina pública e para investimentos. Eis a razão do déficit deste ano: R$ 161 bilhões.

Tchau, pessoal!

Ciro Gomes, terceiro colocado no primeiro turno da eleição presidencial, viajou inesperadamente para a Europa, onde curtirá férias por uma semana ou duas ou três. Atitude inusitada. Em 2002, após o primeiro turno, permaneceu no País e, 24 horas após sua prevista derrota, anunciou apoio a Lula, que, em contrapartida, lhe deu o Ministério da Integração Nacional. Naquele tempo, Lula e o PT eram franco favoritos à vitória, o que se comprovou. Hoje, Ciro já antevê o resultado do segundo turno, e não quer comprometer-se com um possível revés petista. É a dura resposta dele aos que no PT o humilharam, publicamente, de fora para dentro e de dentro para fora da gaiola. E põe humilhação nisso. Faz parte do jogo da política, gostemos ou não.

Além do pescado

Manoel e Francisco Rocha, os irmãos donos da FS Rocha Pescados e Mariscos - que havia 15 anos vendiam peixe embalado em um isopor de 1m x 1m nas esquinas da Aldeota - decidiram transformar em um supermercado sua própria loja de 1.500 m² na rua Antonio Furtado. Além do que o mar e os açudes produzem, eles estão a vender também carne, uísque escocês, vinhos superiores, cachaça e doces e castanhas cearenses. "Estamos inovando, porque ou você inova ou morre", dizem eles. Os irmãos Rocha são um bom exemplo de empreendedorismo. Quem os vê não imagina como conseguiram chegar onde chegaram. Porém, quem conversa com eles entende, imediatamente, o porquê: são duas águias.

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