Dólar turismo vai a R$ 4,35 na Capital; euro chega a R$ 5,10

Moeda americana comercial chegou a bater R$ 4,21, mas perdeu força com ação do BC e fechou a R$ 4,14

Escrito por Redação ,
Legenda: Pressões internas e externas fizeram mais pressão sobre o câmbio ontem, depreciando moedas de países emergentes, como o Brasil e a Argentina, que viu o peso ter uma depreciação de 22% ante o dólar

Fortaleza/São Paulo. A quinta-feira foi marcada por forte pressão compradora sobre o dólar. A moeda americana fechou cotada a R$ 4,14, em alta de 0,63%, depois de ter atingido a máxima de R$ 4,2158 (+2,33%). Com o resultado, o dólar renova o pico do ano, ainda com o segundo maior valor nominal desde o Plano Real. Em Fortaleza, o dólar turismo em espécie vendido nas casas de câmbio variou de R$ 4,31 até R$ 4,35, já com o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) incluso. O euro turismo em espécie chegou além, vendido entre R$ 5,10 e R$ 5,03.

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Desde a abertura que a aversão ao risco no mercado internacional e a cautela com o cenário eleitoral doméstico vinham mantendo o dólar em alta significativa, próximo das máximas históricas intraday. A crise na Argentina foi um dos fatores de tensão nos mercados emergentes, onde as moedas tiveram desvalorização generalizada ante o dólar.

A moeda local intensificou suas perdas para 22%, com um dólar chegando a valer 41 pesos argentinos. Fechou em queda de 19%. No exterior, 20 das 24 divisas emergentes se desvalorizavam em relação ao dólar, com destaque para a lira turca (-4,4%) e o rand sul-africano (-2,9%). O fortalecimento do dólar era favorecido ainda por dados fortes da economia americana divulgados ontem. Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade do país, subiram 0,4% em julho, indicando forte crescimento econômico no início do terceiro trimestre.

Com a demanda em elevação, os preços deram continuidade à tendência de alta. O núcleo do índice PCE, que inclui os componentes voláteis de alimentos e energia, avançou 0,2% em julho, contra alta de 0,1% em junho. Isso elevou o aumento na base anual para 2% -meta do Federal Reserve (banco central americano) para a inflação neste ano. Essa é a terceira vez que o indicador atinge a marca.

O núcleo do PCE é a medida preferida do Fed para a inflação. Sinais de crescimento econômico e pressão inflacionária nos EUA elevam no mercado a expectativa de que a autoridade tenha que fazer um aperto monetário mais rápido.

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Ações

O agravamento da crise na Argentina, em um dia ruim para os mercados financeiros globais, levou a sensação do efeito de contágio para a Bolsa brasileira, que já vem sofrendo com a volatilidade característica das incertezas que imperam durante o período eleitoral. Com os investidores operando mais na ponta vendedora, o Ibovespa encerrou a sessão de negócios em baixa de 2,53%, aos 76.404,09 pontos.

A oscilação hoje foi de 2 mil pontos, entre a mínima (76.372 pontos) e a máxima (78.388 pontos). O giro financeiro chegou a R$ 9,83 bilhões, uma alta em relação aos últimos dois pregões e um indicativo de maior saída das posições.

O pregão iniciou com o Ibovespa já em baixa. O mau humor já vinha de fora em sintonia com o movimento de realização de lucros visto nos mercados acionários dos EUA. A cena política segue sendo um elemento de incertezas para os investidores e, segundo operadores, um terreno fértil para especulações. As perdas foram ampliadas quando o Banco Central da Argentina anunciou aumento dos juros de 45% para 60%.

Na Bovespa, entre as blue chips, que têm maior atrativo para os investidores, o bloco financeiro amargou as maiores perdas, como Bradesco PN recuando 4,27%, Itaú Unibanco PN caindo 3,94%, Banco do Brasil ON cedendo 3,73% e as units do Santander recuando 3,52%.

Opinião do especialista

Volatilidade continuará no período eleitoral

Allisson Marins - Economista

Para os investidores, especialmente aqueles que têm aversão ao risco, e em razão do comportamento atípico do dólar, que deve permanecer durante a corrida eleitoral no Brasil, investimentos em CDB pré-fixado, fundos de investimento renda fixa e títulos públicos federais negociados no Tesouro Direto devem ser priorizados. Investimentos em renda variável, e no próprio dólar, serão de alta volatilidade neste período.

Para os consumidores, principalmente para aqueles que têm viagem agendada para o exterior nos próximos meses, recomenda-se comprar o dólar de forma parcelada, de maneira a amenizar as oscilações da moeda estrangeira.

Para os consumidores em geral, os valores dos produtos devem aumentar. Isso porque os produtos que possuem alguma relação com o dólar, seja direta ou indireta, já começaram a sofrer uma elevação, a exemplo da gasolina.

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