Dólar atinge maior valor do Plano Real, cotado a R$ 4,198

Moeda estadunidense seguiu forte com a apreensão do mercado em relação ao cenário eleitoral brasileiro

Escrito por Redação ,

São Paulo/Fortaleza. O dólar subiu 1,17% e fechou a quinta-feira (13) com o maior valor do Plano Real, em R$ 4,198. Preocupações com as eleições seguiram ditando o ritmo das cotações no mercado de câmbio e o real se descolou de outras moedas de países emergentes, que subiram ante a divisa estadunidense. A Argentina foi outra exceção e o dólar chegou muito perto de 40 pesos, o que também contribuiu para o clima de maior nervosismo por aqui. No mercado futuro, o dólar para outubro fechou R$ 4,2140, sinalizando que a moeda pode testar esse novo patamar.

Até ontem, a maior cotação do Plano Real, implementado em 1994, havia sido atingida em 21 de janeiro de 2016, de R$ 4,1705, refletindo uma decisão inesperada do Banco Central de manter a taxa Selic inalterada, quando todo o mercado esperava uma alta de 0,25 ponto porcentual. O BC seguiu fora do mercado ontem, sem ofertar novos recursos, fazendo apenas a rolagem de contratos de swap. A última atuação da autoridade monetária foi dia 31 de agosto, quando realizou leilões de linha com compromisso de recompra.

Em Fortaleza, as casas de câmbio chegaram a vender o dólar turismo a R$ 4,45. A reportagem entrou em contato com quatro empresas diferentes, logo após o fechamento do pregão. O menor valor encontrado foi R$ 4,28. No pré-pago, o câmbio oscilou entre R$ 4,59 e R$ 4,65. O euro, por sua vez, encerrou o dia na Capital entre R$ 5,05 e R$ 5,21.

INFO

Pesquisa eleitoral

No cenário político, os profissionais destacam que o clima é de cautela, com os investidores aguardando a nova pesquisa do Datafolha, que sai na noite de hoje, e monitorando os rumos da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), após ele ser submetido a nova cirurgia de emergência.

Para o operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, a preferência do mercado era pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB), mas os agentes têm menos medo de Bolsonaro do que de Ciro Gomes (PDT) ou Fernando Haddad (PT).

O analista da gestora Bulltick em Miami, Klaus Spielkamp, disse que atende clientes de vários países da América Latina e a percepção deles em relação ao Brasil é a mesma: a elevada incerteza sobre o resultado das eleições, que pode ter a volta de um governo de esquerda ou a vitória de um nome de extrema direita ou ainda outros com perfis mais moderados. Na dúvida, afirma o analista, muitos agentes preferem ficar fora do risco Brasil por enquanto, ajudando na disparada do dólar.

Bovespa

Na contramão das bolsas de Nova York, o Índice Bovespa teve um pregão de perdas ontem, mais uma vez influenciado pela indefinição do cenário eleitoral. O índice chegou a registrar leve valorização no início dos negócios, mas perdeu sustentação e migrou definitivamente para o terreno negativo, chegando ao fechamento com 74.686,67 pontos, em baixa de 0,58%.

Opinião do especialista

Volatilidade deve seguir até as eleições

Henrique Marinho - Economista

Essa volatilidade era esperada e vai ainda seguir acontecendo até se conhecer o próximo ministro da Fazenda e a composição da equipe econômica (do próximo presidente do País), pois o quadro político é incerto, cada candidato tem propostas diferentes. Além disso, algumas são inexequíveis, o mercado fica meio perdido, e acontece essa volatilidade. Mesmo assim, o relatório Focus, do Banco Central, ainda prevê no fim do ano uma cotação de R$ 3,80. Há, também impacto nas exportações e importações. Hoje, o aço domina a balança comercial do Ceará. A matéria prima vem do exterior, importa mais caro, mas vende mais caro, então o impacto não é tão forte. No caso de outros exportadores tradicionais, estão aproveitando o momento pois vendem as mercadorias a preço competitivo, e isso é um ponto positivo. Por outro lado, as importações essenciais, como o trigo, faz com que nosso pão, macarrão, alimentos importantes, se tornem mais caros. O Banco Central não divulga, mas quando sente que chega num nível que possa afetar a inflação, ele vai intervir. E o mercado sabe disso e está aproveitando desse momento, pois quando o Banco Central intervir, ele vem com força.

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