Desigualdade segue em queda no Ceará, enquanto estagna no Brasil

Escrito por Redação ,
O percentual de pessoas em extrema pobreza também caiu no Estado, passando de 10,1% (2011) para 8,5% (2012)

Seguindo a tendência registrada nos últimos anos, a desigualdade social no Ceará caiu entre 2011 e 2012, reduzindo o abismo existente entre os 10% mais ricos da população e os 10% mais pobres. Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e analisados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), no ano passado, o rendimento médio dos 10% mais ricos foi 40,7 vezes maior que o rendimento médio dos 10% mais pobres.

Apesar de ainda existir uma grande disparidade entre os dois extremos, houve uma melhora em relação a 2011, quando a renda dos 10% mais ricos era 48,6 maior que a dos 10% mais pobres. "Houve uma redução de 8% em relação a 2011. Acredito que este resultado foi influenciado pelas primeiras ações do Brasil Carinhoso, parte do Programa Brasil Sem Miséria. O Brasil Carinhoso atende às famílias que, mesmo recebendo o Bolsa Família, continuavam na extrema pobreza (com renda mensal inferior a R$ 70 por pessoa). O Brasil Carinhoso complementa a renda dessas famílias para que elas saiam da situação de extrema pobreza", avalia o diretor geral do Ipece, Flávio Ataliba.

Conforme o governo federal, o benefício começou a ser pago em junho de 2012 para as famílias extremamente pobres do Bolsa Família com filhos de até seis anos, e em dezembro de 2012 para as famílias com filhos de sete a 15 anos.

A ação também pode ter sido a principal influência para redução da extrema pobreza no Ceará, que passou de 10,1% da população, em 2011, para 8,5%, no ano passado. O percentual de cearenses com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 140 também caiu, passando de 25,3% (2011), para 21,2% (2012).

Trabalho

Além da influência dos programas de transferência de renda do governo federal, Flávio Ataliba destaca que a redução da desigualdade socioeconômica no Estado também é resultado da dinâmica do mercado de trabalho, embora não seja possível, ainda, afirmar o peso de cada um desses fatores para a queda na concentração de renda e no número de pessoas em extrema pobreza. "O que sabemos é que a renda do trabalho também vem crescendo", enfatiza. "O Índice de Gini confirma que há um processo de redução da desigualdade de renda neste período", completa.

Segundo a Pnad, o Índice de Gini (medida de distribuição de renda) da renda domiciliar per capita caiu, no Ceará, de 0,537 (2011) para 0,524 (2012) - quando mais perto de zero, menor é a desigualdade. "O resultado foi melhor que o esperado, pois, mesmo com um período de seca e com perdas de safra, parece que os programas sociais conseguiram compensar a perda de renda, sobretudo na área rural", afirma Flávio Ataliba.

A análise realizada pelo Ipece sobre os dados da Pnad mostra ainda que, entre 2007 e 2012, a renda dos 10% mais pobres cresceu de forma muito mais acelerada que a renda dos 10% mais ricos. No período, a variação do rendimento médio dos mais pobres foi de 60,33%, contra uma alta de 36,91% no rendimento médio dos mais ricos.

No País

Ao contrário do que vinha ocorrendo nos últimos anos, a desigualdade no Brasil ficou estagnada. O motivo é que a renda dos mais ricos cresceu de modo mais rápido que a dos mais pobres. Conforme a Pnad, a renda dos que estão no topo da pirâmide (1% mais ricos) cresceu 10,8%, numa velocidade superior à das faixas de menor remuneração. A renda dos 10% mais pobres cresceu 6,6%. Como consequência, o Índice de Gini dos rendimentos do trabalho caiu menos, ficando em 0,498 em 2012, ante 0,501 em 2011. Houve uma piora da distribuição de renda no Nordeste, única região com alta do índice (de 0,511 para 0,513).

DHÁFINE MAZZA
REPÓRTER





















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