Cuidados pessoais com o bem-estar comprometem 25% da renda mensal e exigem equilíbrio financeiro

Custos com atividades que visam melhorar as condições físicas e mentais têm ficado mais acessíveis, mas ainda demandam boa parte do orçamento

Escrito por Redação ,
Legenda: Marjorie iniciou na yoga como atividade pessoal e, atualmente, tem nas aulas sua principal fonte de renda
Foto: FOTO: ALICE FROTA

O investimento no bem-estar pessoal, aliando mente e corpo, necessita também equacionar o equilíbrio financeiro. Considerados gastos consideráveis, cuidados pessoais como atividades físicas, terapia e alimentação saudável podem comprometer cerca de 1/4 da renda mensal, como acontece com o psicanalista André Luiz Bessa.

“É mais ou menos isso. Mas eu sou solteiro, não tenho tantos gastos e preferi investir na minha saúde mental. Até porque minha profissão depende muito disso”, justifica, citando que o investimento envolve yoga, crossfit e terapia. Atividades desenvolvidas ao longo de seus 31 anos, principalmente, quando iniciou o mestrado e passou a ficar mais ansioso.

Estigmatizado como oneroso para o consumidor, os produtos e serviços relacionados ao bem-estar pessoal estão ficando mais acessíveis a partir do crescimento deste mercado, segundo avalia o professor da Faculdade CDL, Randal Mesquita. 

“O aumento da oferta impacta diretamente no preço. Nos serviços ofertados em maior escala, o preço tende a cair. Hoje, não necessariamente os valores a ser pagos são altos. Claro que tem o conceito de valor, o que você pode agregar a sua marca que faz com que os consumidores paguem por aquele serviço, mas o preço já não é mais um impedimento ao acesso”, afirma Mesquita. 

Custos como o de André Luiz fazem cada vez mais parte do orçamento dos fortalezenses, segundo analisa o professor, que aponta este segmento como um desdobramento da expansão da estética. “Na virada do século, o mundo inteiro começou a cuidar mais da saúde, até porque a população está ficando mais velha. Esse novo segmento contribui para que a população consiga envelhecer de forma mais saudável. É uma cadeia que só está iniciando”.

Oportunidade 

Além de um estilo de vida saudável, os serviços e produtos voltados ao bem-estar também surgem como boa oportunidade de negócio. A professora de yoga Marjorie Lima Serra é formada em Ciências Biológicas e ministrava aula em escolas públicas. Sentindo-se insatisfeita com a rotina, resolveu largar a docência e fazer um curso para se aprofundar. Acabou descobrindo a profiterapia – terapia através da alimentação. 

“Por conta de uma intolerância à lactose, eu comecei a retirar alguns alimentos da minha dieta até virar vegetariana e, depois, vegana. Também comecei a praticar yoga e a aprofundar a relação entre meu corpo e minha mente”, conta.

Daí, surgiu a principal fonte de renda de Marjorie, hoje. “E não teve um momento que eu decidi isso. Quando vi, já estava com turmas, já estava sendo chamada para dar aulas, envolvida em cursos, viajando para ter aulas com professores de determinados métodos”, conta.

Qualificação

Assim como fez Marjorie, a articuladora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE), Alice Mesquita, ressalta que, por ser um segmento no qual o cliente é conquistado pela confiança no profissional, é importante a capacitação e especialização. 

“Ao perceber nesse hábito pessoal uma oportunidade de negócio, é necessário ir mais a fundo do que somente o conhecimento já adquirido com a prática”, orienta.

A empresária Karina Mosca também mudou o estilo de vida através da alimentação e da yoga, e viu uma oportunidade de negócio. “Resolvi montar um restaurante para dividir com as pessoas no que acredito, que através de uma alimentação saudável e equilibrada, uma vida com mais contato com a natureza, práticas que te trazem para o ‘centro’ como yoga, mudam tudo”, afirma Karina. 

Com um investimento inicial de R$ 500 mil, ela optou por uma franquia. Atendendo uma média de 200 pessoas por dia, o fluxo de clientes já é cerca de 20% maior comparado ao de 2017, ano da inauguração da empresa. 

“E esse ano de 2020 acredito que será bem melhor. Esperamos um crescimento nessa mesma média, de 15% a 20% (sobre o ano anterior). A vida hoje é uma loucura. As pessoas estão acordando para esse lado de autoconhecimento”, reforça Karina.

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