Construção civil amplia ofertas para retomar crescimento

Em reflexo ao momento econômico, condições de financiamento e oferta de crédito estão mais vantajosas

Escrito por Redação ,
Legenda: De acordo com o Sinduscon-CE, atual estoque de imóveis gira em torno de 10 mil unidades na Região Metropolitana de Fortaleza. Antes da crise, o número costumava ficar em, aproximadamente, 4 mil imóveis
Foto: FOTO: REINALDO JORGE

O estímulo ao consumo por meio do acesso mais fácil ao crédito e do aumento do emprego no País, há cerca de 15 anos, começava a colocar a economia brasileira em um novo patamar, beneficiando os mais diferentes segmentos da cadeia produtiva. O mercado imobiliário, por exemplo, experimentou o auge da prosperidade durante esse período, mas começou a ser impactado negativamente com o início da atual crise econômica, no fim de 2014. Mesmo com a persistência dos impasses políticos no Congresso Nacional, empresários do setor acreditam que a retomada da atividade ocorrerá ainda neste semestre.

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Antes da crise, o número de imóveis financiados no Brasil vinha registrando recordes consecutivos, crescimento impulsionado também pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV), criado em 2009 pelo governo federal. Em 2010, um anos após a implementação do programa, foram financiadas 1,052 milhão de moradias no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

O resultado representou um crescimento de 57% ante a quantidade de unidades habitacionais financiadas pelos bancos em 2009, quando foram contabilizadas 670 mil moradias. Foi a primeira vez que as instituições de crédito ultrapassam a marca de 1 milhão de imóveis financiados em um único ano, tanto por meio de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) quanto através do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Estoque

Hoje, a realidade no País é outra. No mercado imobiliário, a retração econômica nacional prejudica, principalmente, o setor da construção civil. Com mais imóveis no estoque em razão da queda nas vendas nos últimos quatro anos, construtoras e incorporadoras têm evitado lançar empreendimentos, algo que afeta diretamente os financiamentos.

O presidente do Sindicato das Construtoras do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, acredita que, até o fim deste ano, o setor começará a dar sinais de retomada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), cujo atual estoque de imóveis gira em torno de 10 mil unidades. Antes da crise, o número costumava ficar em, aproximadamente, quatro mil imóveis.

Ofertas

Segundo ele, na tentativa de diminuir o estoque, as empresas locais vêm ampliando o leque de ofertas ao consumidor, dando desconto nas primeiras prestações do financiamento, isentando o cliente do pagamento do condomínio por até um ano, recebendo imóveis antigos como parte do valor do novo bem, entre outros benefícios.

Além das facilidades oferecidas pelas construtoras que atuam no Ceará, Montenegro aponta para as atuais condições de financiamento e para a oferta de crédito que, conforme afirma, estão vantajosas. "Estamos otimistas e acreditamos que o setor da construção civil, tanto no Brasil como no Estado, vai começar a trilhar o caminho do crescimento ainda neste semestre", destaca, falando sobre os sinais de melhora no ambiente econômico, como a queda da inflação, da taxa básica de juros (Selic) e da melhora da confiança do empresariado e do consumidor na economia brasileira.

De acordo com estimativas recentes do mercado, a inflação de 2017 deverá fechar abaixo do teto da meta central, que é de 4,5%. Já a previsão dos analistas para a Selic, atualmente em 10,25% ao ano, é que a taxa termine em 8%. "Com os juros do País em um dígito, certamente, nosso otimismo em relação à retomada das vendas vai aumentar", observa o presidente do Sinduscon-CE.

Alternativas

Quanto a possíveis alternativas para ajudar a reduzir o déficit habitacional do Brasil, por meio da expansão do crédito imobiliário, Montenegro entende que o grande desafio está relacionado ao acesso dos trabalhadores informais ao financiamento. Ele explica que a dificuldade dessas pessoas para comprovar a renda, mesmo que ganhem o suficiente para financiar um imóvel, geralmente, leva os bancos a negar o crédito.

Com o desemprego em alta, cuja taxa já está em 13,5% e atinge quase 14 milhões de brasileiros, a informalidade cresceu ainda mais no País. Cerca de 90 milhões de pessoas trabalham sem carteira assinada no Brasil, fazendo "bicos", de acordo com dados do Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (Ipea). No Ceará, seis em cada dez trabalhadores estão na informalidade, revela o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Baixa renda

O presidente do Sinduscon-CE também cita as barreiras que os bancos ainda colocam para aprovar o crédito para pessoas de baixa renda, atrasando o processo de redução do déficit habitacional no País, que, só na RMF, ultrapassa 100 mil moradias, como lembra Montenegro.

Há cerca de duas semanas, o vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Sousa, esteve em Fortaleza para almoço com o governador do Ceará, Camilo Santana. André Montenegro participou do encontro e adiantou que, segundo Sousa, a Caixa deverá lançar em breve um projeto para diminuir o tempo de aprovação do crédito imobiliário, de 60 para cinco dias, em média. "Quanto mais burocracia, mais custos para as empresas. A diminuição do prazo pode ajudar a baixar os preços dos imóveis da Caixa".

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