Concessionárias apostam em promoções para vender na Capital

Com ações de vendas com taxa zero até a avaliação do veículo usado pela tabela Fipe, concessionárias de Fortaleza colhem resultados positivos

Escrito por Camila Marcelo , camila.Marcelo@diariodonordeste.Com.Br
Legenda: Vendas avançaram 4,53% no acumulado de janeiro a julho
Foto: José Leomar

A venda de veículos novos está em uma boa maré no Ceará, com um saldo positivo de 4,53% no acumulado de janeiro a julho deste ano, comercializados 19.780 autos e comercias leves. Em julho, foram 3.426 unidades, 17,57% a mais que no mês anterior e 13,29% acima do resultado de julho de 2018. Contribuindo para esses números estão as campanhas intensas nas concessionárias, sejam com taxa zero nos financiamentos ou avaliação do usado pela tabela Fipe para ajudar na compra do carro novo.

"O balanço de 2019 é muito positivo. Tivemos um acréscimo em torno de 25% nas vendas de 2018 para cá. Um dos nossos maiores focos é a internet, onde há mais oportunidades de venda. No ano passado, não fazíamos tudo isso. A nossa maior mudança foi o foco nas redes sociais, nas ações comerciais externas e as promoções, como a quarta-feira atrevida", aponta Antônio Nina, gerente de novos da Nissan Jangada. "Neste ano, estamos nos preparando para a Black Friday ser a melhor da história da Nissan".

Entre as ofertas, por vezes são oferecidos bônus na avaliação dos usados, acessórios grátis, preço de uma motorização maior pelo valor de uma versão abaixo, entre outros. "A promoção que mais atrai é pagar tabela Fipe no seminovo e preço de nota fiscal de fábrica. A gente tem uma vez por ano. Por exemplo, em 2018, na Black Friday, quando a gente estava vendendo com preço de fábrica", aponta.

Na Codisman não é diferente. Ela também aposta nessas e outras táticas, como o bônus para acessórios e emplacamento grátis. "Temos que estar sempre antenados no que rola no mercado para criar atrativos para os clientes virem à concessionária, pois cada dia que passa, o cliente fica mais munido de informações e pesquisas, o que dificulta a retenção deste nas lojas", explica o supervisor Digital da rede, Ronald Roriz.

Para eles, o maior foco também é o cliente digital, seja por meio do buscador Google, das redes sociais ou do site da montadora e da concessionária. "Fizemos uma ação recentemente de prospecção e resgate desses clientes, e o resultado foi bastante expressivo. Em um fim de semana, conseguimos vender 82 carros no somatório das nossas duas lojas, quando o normal não passa de 20", acrescenta.

Quanto à Ford, mesmo com menos produtos em linha - pelo fato de os modelos Fiesta e Focus terem sidos descontinuados, neste ano, nas variações de hatch e sedan - o balanço de 2019 é positivo, conforme Valdemar Xavier, gerente de automóveis novos da Crasa. "Nós estamos fazendo mais ações em relação ao ano passado, com presença na mídia bem mais forte e isto sempre traz um melhor resultado nas vendas da concessionária", destaca.

A Honda Nova Luz também está colhendo neste ano bons resultados. A melhor ação dela em 2019 foi com o Mega Vendas, realizado no dia 15 de junho. "Vendemos 95 carros novos em um só dia. Sucesso total. E aconteceu porque fizemos todo tipo de negócio como super avaliação no usado, taxas especiais, bônus alto para desconto no preço do carro novo. Em síntese, a ordem era não perder nenhum negócio, sempre procurando fazer a melhor negociação ao cliente", enfatiza o diretor geral da concessionária, Carlos Arlindo Pedroso.

Taxa zero

Fora a supervalorização no valor de avaliação do seminovo, atualmente a taxa zero é a proposta mais trabalhada em Fortaleza nas concessionárias. O consumidor deve estar atento, porém, que isso implica uma entrada maior e um parcelamento mais curto. Por exemplo: na Crasa, a taxa zero é concedida a entradas a partir de 50% do valor do automóvel, com prazo de 12 meses. A quantidade de parcelas cresce conforme a entrada.

"A taxa zero funciona sempre com uma entrada maior. Neste mês, a gente vai trabalhar, por exemplo, a entrada entre 60% e 65%, sendo o resto em 36 meses sem juros. Todo financiamento sem juros - existem o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que é cobrado pelo Governo, e os seguros de proteção financeira que são cobrados do financiamento", diz Antonio.

Além da forma de pagamento, é preciso estar atento a outros detalhes durante a aquisição, como o presente de peças anunciadas como acessório, mas que na verdade já são itens de série, e também na venda casada, como a obrigatoriedade de fazer emplacamento pela concessionária ou garantia estendida.

Condições de pagamento

Se o desconto para compra à vista for tentador, antes de gastar todas as economias guardadas, a orientação do economista Alisson Martins é fazer primeiro uma comparação entre a porcentagem do abatimento fornecido pela concessionária e a rentabilidade do valor aplicado no banco, a exemplo do Tesouro Direto, de fundos de investimento e até mesmo da poupança. "Dessa forma, se o desconto à vista for maior que a rentabilidade anual do investimento financeiro, sugere-se comprar em dinheiro", pontua Alisson.

O mesmo vale em caso de dívida para o financiamento e os juros cobrados na operação. Mesmo sendo aplicada a taxa zero na compra, compensa verificar qual é a taxa cobrada ao ano na transação, chamado Custo Efetivo Total (CET), e comparar com a rentabilidade da aplicação.

Por exemplo: em julho, uma rede da Ford em Fortaleza comercializou a Ranger Limited diesel 2018/2019 com um CET a 3,99% ao ano. Com informação do Banco Central, segundo Martins, o rendimento mensal da poupança com base na nova regra, que depende da Selic, é atualmente de 0,3715% ao mês, ou 4,45% ao ano.

Já no título do Tesouro atrelado à Selic com vencimento no dia 1º de março de 2021, a rentabilidade bruta é 6,35% em doze meses, sem considerar a dedução do Imposto de Renda. No exemplo do prazo entre 361 a 720 dias, a porcentagem líquida fica em 5,24%.

Em ambos os contextos, segundo Martins, do ponto de vista estritamente financeiro, com 67% de entrada (R$ 113.163,00) e 24 parcelas de R$ 2.418,71, é mais vantajoso o financiamento que o pagamento à vista de R$ 188.890. "Pois os recursos que ficaram aplicados terão rendimento maior que o CET", ressalta.

Porém, o cenário pode se inverter se o desconto aumentar. "No caso de pessoas que tenham recurso na poupança, se o desconto for superior a 9,31%, já valeria a pena pagar à vista. No caso de pessoas que tenham recursos aplicados no Tesouro Selic, valeria para um desconto superior a 10,75%", comenta.

No entanto, é preciso primeiro que o consumidor avalie se ele pode se descapitalizar. Para o financiamento, é importante calcular se a nova dívida não compromete o orçamento da família. Caso contrário, é um bom momento para o consumidor aproveitar as ofertas do mercado.

Análise: Cuidados durante a compra do carro

Ismael Braz, assessor jurídico do decon

Um dos aspectos importantes é verificar as condições de garantia. Atualmente, muitos veículos são vendidos com dois, três ou até cinco anos. Entretanto, o consumidor deve observar as condições do contrato, que muitas vezes incluem prazos para realização de cada revisão, quilometragem adequada, troca de peças apenas no estabelecimento que comercializou o produto, dentre outras cláusulas que devem ser lidas com cuidado para evitar transtornos. É importante também realizar o test-drive, para que possa conhecer o funcionamento do veículo, especialmente para evitar surpresas sobre a dirigibilidade do automóvel, bem como para possibilitar constatar se o produto adquirido tem a mesma qualidade daquele que foi testado na loja. Além disso, o consumidor não deve ser compelido a aceitar serviços que não compõem o produto principal, como seguro ou garantia estendida.

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