Com coronavírus, demanda por táxis cai 95% e por aplicativos, 80%

Taxistas e motoristas de aplicativos de transporte reclamam do baixo movimento por conta da pandemia de Covid-19 e dizem que todas as medidas de prevenção foram tomadas para evitar contaminação dos passageiros

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@svm.com.br
Legenda: Taxistas demandam aos governos medidas para mitigar os prejuízos da categoria 
Foto: Foto: Nah Jereissati

O isolamento social pelo qual passa grande parte da população de Fortaleza está fazendo com que a demanda por viagens de táxis e aplicativos de transporte caia vertiginosamente. Segundo o Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditáxi), o número de chamados teve queda de até 95% nesta semana, enquanto, de acordo com a Associação de Motoristas de Aplicativos do Ceará, a redução para o segmento foi de cerca de 80%.

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"Nossa categoria foi afetada pela pandemia, porque taxista está no grupo de risco por transportar pessoas em um ambiente pequeno e fechado. Isso acarretou em prejuízo financeiro enorme com as corridas, diminuindo em 95%. Os três polos principais de fontes para o taxista são aeroporto, rodoviária e rede hoteleira, e eles estão praticamente desertos", explica Francisco Moura, presidente do Sinditáxi.

Nos aplicativos de transporte, como Uber e 99, a situação é semelhante. Segundo Rafael Keylon, diretor da Associação de Motoristas de Aplicativos, a preocupação neste momento é com a falta de chamados.

"As corridas diminuíram exponencialmente. Muitos motoristas estão se arriscando por causa da doença. No domingo passado, com todas as barracas de praia fechadas, cada motorista perdeu em média R$ 250 no faturamento do dia. O número de corridas caiu 80%, até então. Não tem demanda e não vale a pena sair de casa", lamenta o presidente da associação.

Ele também diz que 40% dos motoristas estão parados por causa da baixa demanda por viagens. "Muitos motoristas pararam. Os que não pararam não estão no grupo de risco. A Associação tem até 2,5 mil motoristas catalogados e 40% da categoria pararam".

Para o taxista Rafael de Abreu, a situação é grave do ponto de vista das corridas e da saúde da população. "Eu me coloquei de quarentena por conta própria, mas não tem movimento algum. A demanda caiu demais. Eu estou sabendo que não há movimento no Aeroporto. Nas ruas, também não tem movimento. Está praticamente tudo zerado", aponta.

Segundo ele, o Sinditáxi também deu todas as orientações necessárias para garantir a segurança dos motoristas e, tendo em vista o momento de queda da demanda, a entidade suspendeu o pagamento da mensalidade de março para os motoristas que rodam pelo aplicativo do Sindicato. "Quem é logado no aplicativo foi dispensado de pagar a mensalidade e a taxa do aplicativo. O Sinditáxi fez uma proposta muito boa e suspendeu isso", diz.

Ações

De acordo com Moura, a categoria busca, juntamente ao Governo do Estado e à Prefeitura de Fortaleza, medidas para tentar amenizar os prejuízos. "A gente quer projetos de lei que tragam benefícios neste momento, com aprovação de projeto em que seja proibida a cobrança de juros dos bancos e financeiras com prestações de carros atrasadas, além da proibição de recolherem os carros que estejam com as parcelas atrasadas", acrescenta.

A categoria de taxistas também pede a aprovação de linha de crédito com os bancos e um auxílio do Governo Federal.

"Nós queremos uma linha de crédito de até 20 salários mínimos com carência de um ano para pagar as primeiras prestações com o Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal. Além disso, pedimos um auxílio de um salário mínimo para o taxista durante seis meses. Isso já está sendo debatido no Congresso", destaca.

Já as demandas dos motoristas de aplicativos estão voltadas até o momento para o pagamento dos aluguéis dos carros. "Estamos fazendo uma campanha para sensibilizar os donos de locadoras, para eles cobrarem apenas 50% do aluguel dos carros. Algumas pessoas que alugam para os motoristas já acertaram esse desconto, mas queremos sensibilizar as grandes locadoras", diz o diretor .

Segundo ele, os bancos já estão prorrogando em 60 dias o pagamento das prestações dos veículos. O diretor também cobra das autoridades mais segurança para os trabalhadores. "A gente pede reforço na segurança pública. Nestes dias, foram assassinados três motoristas em exercício".

Prevenção

Além das medidas para tentar conter o prejuízo com a falta de demanda, as entidades trabalham também informando os colaboradores para a questão da prevenção do contágio pelo novo coronavírus.

"A gente faz vídeos orientando os motoristas para que eles usem álcool em gel e andem com os vidros dos carros abertos para os passageiros se conscientizaram", explica Rafael.

De acordo com o Sinditáxi, a orientação é para a higienização do veículo. "E usar álcool em gel e máscara. Só estamos tendo dificuldade de comprar os produtos porque estão em falta, mas a orientação é não andar com o ar-condicionado ligado, andar sempre com os vidros baixos para evitar ao máximo a contaminação. Nós somos transporte de utilidade pública e não podemos deixar de prestar o serviço, mas tomamos todas as providências de segurança para os motoristas", aponta Moura.

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