Com alta do dólar, alimentos e remédios vão pesar mais no bolso

Itens que têm a fabricação baseada em insumos importados podem inflacionar, caso a trajetória de alta da moeda norte-americana se mantenha. Descontos em medicamentos também podem sofrer impacto

Escrito por Redação ,
Legenda: Entre os produtos analisados, o pimentão foi o que apresentou a maior variação no período, com alta de 182,32%
Foto: Foto: Walter Craveiro

O dólar comercial encerrou o pregão de ontem (17) em alta pela terceira sessão seguida e acumula variação de quase 6% em 2019, além de atingir o patamar mais alto desde outubro do ano passado. Quem planejava uma viagem ao exterior vê as flutuações da moeda norte-americana com preocupação, mas quem fica no País, o impacto também pode ser notado nos preços dos produtos em geral, sobretudo entre os itens importados.

Nos supermercados, a preocupação é visível. Itens importados como algumas frutas e azeite, por exemplo, podem sofrer o impacto da variação do dólar comercial, conforme avaliação do vice-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro. "Eu acho que existe a probabilidade de termos um reajuste. Isso já aconteceu no ano passado. A variação reflete muito em produtos cotados em dólar", explica.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) e diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará (Sincofarma-CE), Maurício Filizola, aponta que as variações do câmbio influenciam consideravelmente o preço do combustível, encarecendo mais o transporte de produtos dentro do Brasil.

O mercado de medicamentos, com mais de 90% de matéria-prima importada, deve sofrer os efeitos da flutuação por meio da redução de descontos que o varejo atualmente repassa ao consumidor final.

Menos descontos

"Os preços dos medicamentos são tabelados nacionalmente, os aumentos acontecem no setor uma vez por ano. O que pode acontecer é a indústria reduzir os descontos oferecidos às distribuidoras e ao varejo, reduzindo assim o desconto que é repassado ao consumidor final", explica o presidente.

Já o presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Estado do Ceará (Sindipan-CE), Ângelo Nunes, avalia que a situação ainda não representa uma ameaça ao preço do trigo, principal insumo para a fabricação do pão. "Uma alteração maior afetaria o preço da farinha e isso seria repassado às padarias, mas o cenário atual ainda não caminha para um aumento nos preços", revela.

Para Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, a alta do dólar não deve se manter. "O patamar de R$ 4,10 já é de altíssimo risco para quem aposta na alta do dólar. Se o Governo der um passo firme em direção à reforma da Previdência, a cotação desmorona", afirma.

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