Coleta seletiva é um dos principais gargalos da gestão de resíduos

Desperdício de materiais que poderiam ser reciclados e dificuldade de implantar as metas estabelecidas na Política Nacional de Resíduos Sólidos são problemas identificados na maioria dos municípios brasileiros

Escrito por Redação ,
Legenda: Usina que retira gás metano do aterro de Caucaia para produção de energia é vista como exemplo
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Apesar dos avanços decorrentes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010, o desperdício de materiais que poderiam ser reciclados e a dificuldade de implantar as metas estabelecidas na PNRS são realidades na maioria dos municípios brasileiros. Um dos principais desafios é viabilizar comercialmente sistemas de coleta seletiva em regiões com baixa capacidade de geração de resíduos.

"O Brasil é o quinto País que mais gera resíduos sólidos no mundo, mas infelizmente ainda é baixa a nossa coleta seletiva. Apenas 1,5% dos resíduos que são gerados é reciclado", disse Mário William Esper, presidente da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), na manhã de ontem, durante o 6º Seminário Política Nacional de Resíduos Sólidos, realizado em Fortaleza nos dias 27 e 28 de maio.

Segundo Esper, o brasileiro gera, em média, cerca de dois quilos de resíduos por dia, mas apesar da PNRS, metade desse volume, o equivalente a 100 milhões de toneladas, ainda é depositada diariamente em lixões, sem qualquer triagem. Embora o País ainda esteja longe de cumprir as metas estabelecidas em 2010, Esper ressaltou que Ceará tem sido um dos estados mais ativos na gestão de resíduos sólidos, com destaque para a maior usina de biometano do Brasil, que retira gás metano do Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (Asmoc).

Para o coordenador do Laboratório de Resíduos Sólidos da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ronaldo Stefanutti, o uso de resíduos urbanos para produção de energia tem grande potencial. "Dos resíduos urbanos, metade é orgânico, que gera metano, o biogás. E nós precisamos dar uma destinação adequada para esse resíduo, porque além de reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa, reduzimos o consumo de petróleo".

Catadores

Na linha de frente da coleta seletiva, os catadores ainda representam um gargalo para o setor de resíduos sólidos pela baixa capacitação. Segundo Clodoaldo Monteiro Uchôa, superintendente do Consórcio Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (Comares), nos municípios de Beberibe, Cascavel e Pindoretama, os catadores da região ainda carecem de entidades que os represente e os capacite para firmar contratos de prestação de serviços na coleta, seja com o poder público ou com a iniciativa privada.

De acordo com Joselito Silveira, secretário executivo do Consórcio de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Sobral, com o advento da PNRS, os municípios passaram a buscar, juntamente com as empresas, soluções para o destino dos resíduos. "A ideia é que o grande gerador ou o cidadão comum que esteja separando resíduos secos e úmidos em casa possa receber incentivos para participar desse sistema", diz o superintendente Uchôa.

"Se a gente encontrar um consenso entre o poder público, os grandes geradores e a população em geral, a gente vai ver o que já acontece em países modelos", aponta.

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