Cerca de 17 mil vagas de estágios são previstas no CE até o fim do ano

Principais centros de encaminhamento profissional e universidades apontam segundo semestre como período mais promissor para a geração de oportunidades a estudantes universitários no Estado

Escrito por Carolina Mesquita , carolina.mesquita@diariodonordeste.com.br

Notoriamente uma das principais portas de entrada para o mercado de trabalho, o estágio é considerado uma etapa importante do desenvolvimento profissional. E para o segundo semestre, é esperada a criação de cerca de 17 mil novas vagas de estágio no Ceará, segundo organizações de encaminhamento profissional e universidades. O volume é em torno de 5% maior do que o registrado nos primeiros seis meses de 2019. 

A agência de estágios da Universidade Federal do Ceará (UFC) chega a anunciar uma média de 20 oportunidades por dia, totalizando cerca de 2,6 mil vagas no primeiro semestre. No mesmo período, foram firmados 6 mil termos de compromissos de estágio, enquanto foram assinados 11 mil em 2018. O coordenador da agência, Rogério Masih, afirma que, considerando o crescimento já observado neste primeiro semestre ante igual período de 2018, a tendência deverá se manter, de forma a ter um volume ainda maior de contratações até o fim do ano. “Apesar dos números, a Agência tem especial atenção à quantidade de estágios do tipo não obrigatório. Enquanto os estágios obrigatórios estão previstos na grade curricular e são requisitos de obtenção do diploma, os não obrigatórios são desenvolvidos de modo opcional pelos estudantes que desejam acrescer à formação acadêmica os aprendizados práticos”, explica Masih. 

Ele destaca que os esforços para o aumento dos estágios não obrigatórios resultaram numa alta de 20% dos contratos desse tipo entre os primeiros semestres de 2018 e 2019. Masih ainda pontua que os cursos que mais têm ofertado vagas na UFC são Direito, Administração, Ciências Contábeis e as Engenharias.

Vagas qualificadas

Já a gestora da Unifor Carreiras, Karol Mota, acredita que, no segundo semestre, deva ser criado o mesmo número de oportunidades que nos primeiros seis meses de 2019. “O que temos percebido é que há um número interessante de vagas se considerarmos a quantidade de processos sem candidatos. De uma maneira geral, há vagas. O que estamos cuidando é para buscar oportunidades mais qualificadas”.

Ela detalha que vagas qualificadas seriam aquelas que ofertam um potencial de aprendizado maior, bolsas vantajosas e probabilidade maior de efetivação ao término do estágio. “Temos expectativa que essas vagas tenham um número maior, mas não creio que haverá mudança significativa no número total de vagas ofertadas, tanto por conta do cenário macroeconômico quanto pelas definições da Lei de Estágio que, embora já tenha completado 10 anos, ainda é ‘nova’ para muitas empresas”.

A gestora da Unifor Carreiras ainda revela que muitas empresas veem a legislação como inibidora da oferta de vagas, principalmente por conta da obrigatoriedade da contrapartida de bolsas. “O número de oportunidade acaba não aumentando, porque ainda existem muitos estágios na informalidade”, alerta.

No primeiro semestre deste ano, a Universidade de Fortaleza possuía mais de 3 mil estudantes estagiando com algum tipo de remuneração. Desse total, 195 estagiavam dentro da própria universidade.

Temporada de renovação

A coordenadora de Educação e Carreira do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Aurinele Freire Castelo Branco, afirma que em agosto deverá acontecer uma temporada de alta na contratação de estagiários. Isso porque muitos estudantes se formaram e saíram das empresas e serão substituídos. 
“No primeiro semestre, nós ofertamos 4,2 mil vagas. Para o restante do ano, estimamos um crescimento de cerca de 5%, não mais que isso porque não é padrão. A economia não está tão ruim, e as vagas vêm aumentando nesse ritmo, mas não acredito em uma alta mais significativa”, diz.

Ela revela que o setor de Serviços é o que mais tem contratado estagiários no Ceará, com destaque para os cursos de Direito, Administração, Informática e as Engenharias. “As Engenharias porque fazemos parte do Sistema S. Os Serviços têm saído na frente pela própria composição da economia do Estado e porque é o setor que mais demanda mão de obra. A Indústria, por exemplo, se automatiza e vai requerendo cada vez menos empregados”, explica Aurinele.

A coordenadora do IEL aponta que a média de bolsa-auxílio tem elevado. Segundo ela, a média atual circula entre R$ 800 e R$ 850, valor que não passava dos R$ 800 no ano passado. “Há cursos e vagas em que essa bolsa pode ser maior ou menor, mas a média é esta. O que temos observado também é que a concorrência continua alta. Temos, às vezes, até 50 candidatos para uma oportunidade”, revela. Ela destaca que existem cerca de 40 mil estudantes cadastrados no banco de dados do IEL aguardando por uma vaga.

Planejamento

No entanto, para o supervisor de atendimento do CIEE Fortaleza, Cláudio Moreira, o segundo semestre não é tão propício para a abertura de vagas de estágio assim. Ele aponta que, no fim do ano, as empresas definem os objetivos que serão trabalhados ao longo do ano seguinte, de forma que as contratações acontecem nos quatro primeiros meses do ano para que dê tempo o estagiário contribuir para o alcance das metas.

“Nesse primeiro semestre, foram ofertadas 6,4 mil vagas de estágio e aprendizagem no Ceará. Nesse período, foram encaminhados para processo seletivo, através do CIEE, 32 mil jovens, dos quais 5,4 mil foram contratados”, revela Moreira. Segundo ele, o setor de Serviços é o que mais tem crescido e ofertado vagas, ao contrário do Comércio, que tem apresentado uma retração.

Enquanto em âmbito nacional, o Direito é o curso que mais disponibiliza vagas de estágio, de acordo com o CIEE, no Ceará e demais estados do Nordeste ocorre uma inversão. Sobre a média de bolsa, ele aponta que a remuneração dos estagiários segue a tendência do mercado formal no Estado. “Nossa média aqui é de R$ 650. No Sul e Sudeste, esse valor é consideravelmente maior”, aponta Moreira.

Acompanhamento

Rogério Masih, coordenador da Agência de Estágio da UFC, afirma que, durante os atendimentos realizados pela agência, os alunos são orientados sobre os direitos e as obrigações pertinentes à relação de estágios previstos em lei. “O conhecimento acerca das previsões legais permite que os estudantes se portem de modo mais profissional perante as instituições. O acompanhamento é realizado principalmente por meio dos relatórios periódicos apreciados pelos professores orientadores e objetiva garantir o caráter pedagógico do estágio”, detalha. Ele acrescenta que a UFC faz visitas aos campos de estágio a fim de se certificar das condições práticas.

A gestora da Unifor Carreiras, Karol Mota, explica que primeiramente há uma avaliação das vagas de acordo com critérios vinculados à Lei do Estágio, como compatibilidade de atividades com a proposta pedagógica dos cursos, carga horária adequada, existência de supervisor com formação adequada para acompanhamento, entre outros. “No acompanhamento, avaliamos ainda as condições do ambiente onde ocorrem as práticas de estágio, as relações entre alunos e empresas, o cumprimento do termo de compromisso e a satisfação tanto do estagiário quanto das empresas”, aponta.

Mota revela que existem condições abusivas que detectam ainda no encaminhamento das vagas, enquanto outras são percebidas durante a supervisão. “Nesses casos, nosso procedimento é conversar com os envolvidos, inclusive com outros estagiários do mesmo ambiente, orientar nossos alunos e, em caso de confirmação de relações abusivas, cessar o convênio com nossa instituição”, relata.

Preparação

Chegar preparado para uma entrevista é decisivo para o resultado da seleção. E as instituições têm um papel decisivo para isso. A Unifor Carreiras oferece diversos tipos de formação, como cursos, oficinas e palestras com profissionais atuantes no mercado. Karol Mota, supervisora da Unifor Carreiras, aponta que o que mais tem chamado atenção é o comportamento. “Nesse sentido, temos desenvolvido um trabalho de reestruturação dos currículos. As empresas querem estudantes com atitude, sedentos por aprender e inovar. As melhores acrescentam que querem estudantes que conheçam a organização e que estejam dispostos a se envolver com ela”, destaca.

Ela orienta que um estudante precisa congregar conhecimento técnico e atitude, competências como Hard e Soft Skills. “Com ele se prepara? Estudando e lendo bastante, trocando ideias com colegas, professores e profissionais para aprender a argumentar além de aproveitar as oportunidades diferenciadas de aprendizado, como monitorias e intercâmbio”. Falando sobre o processo seletivo em si, Mota diz que orienta quanto à estruturação do currículo, à postura durante entrevista e à busca por informações sobre a empresa e seu ramo de negócio.

Para Rogério Masih, coordenador da Agência de Estágios da UFC, destacam-se nas seleções de estágios os estudantes que possuem um bom histórico e que participam de atividades diversas, tais como de extensão, de monitoria e de iniciação científica, além de trabalhos sociais. “Conhecimento em línguas estrangeiras também é um diferencial. Tais experiências e habilidades devem ser destacadas num currículo objetivo, bem elaborado e, principalmente, com informações verdadeiras”, reforça Masih.

A coordenadora de Educação e Carreiras do IEL, Aurinele Freire Castelo Branco, lembra que a postura comportamental é muito relevante. “O conhecimento está na palma da mão, você adquire de maneira instantânea. Durante o processo seletivo, através de provas, testes e da entrevista, é comprovado se aquele candidato domina ou não a área que ele informou dominar. Caso seja comprovado que ele não domina, já é um comportamento recriminável”, alerta, Freire. 

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