Ceará quer firmar alianças comerciais com China e Argentina

Eventos realizados nessa segunda-feira, em Fortaleza, aproximaram investidores dos dois países de representantes do setor produtivo local, sinalizando oportunidades vantajosas para segmentos específicos da indústria cearense

Escrito por Hugo Renan do Nascimento , hugo.renan@diariodonordeste.com.br

Buscando aumentar a participação do Ceará no comércio internacional, setores da indústria, comércio e serviços pretendem estreitar as relações com a Argentina, principal parceiro comercial do Estado na América Latina, sobretudo pela importação de trigo e exportação de calçados. No entanto, o foco agora são os setores de energias renováveis, alimentos, e turismo. Além disso, Macau, região administrativa especial chinesa, também quer atrair pequenas e médias empresas dos setores de alimentação, cosmética e moda do Ceará. 

“No setor de calçados, o nosso principal mercado consumidor é o mercado da Argentina, mas temos potencial de exportar outros produtos, tornando-os mais competitivos nesse mercado”, diz Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), que participou, na manhã de ontem, da instalação da Câmara de Comércio e Indústria Argentina – Ceará, realizada na sede do Sistema Fecomércio.

Em 2017, o Ceará exportou US$ 115 milhões para a Argentina, o equivalente a 5,4% das vendas cearenses ao exterior. Deste valor, 53% fora do setor de calçados (US$ 60,8 milhões). Por outro lado, o Estado importou US$ 201,4 milhões, dos quais US$ 156,7 milhões apenas de trigo, o equivalente a 78% do total. 

“Viemos aqui para promover Macau como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa com os pequenos e médios empresários brasileiros. Queremos atrair essas empresas para aproveitarem Macau como uma porta de entrada no mercado chinês. Achamos que alguns produtos brasileiros e cearenses têm grande vantagem, como os produtos alimentícios”, afirma António Lei, diretor do Departamento de Promoção Econômica e Comercial com os Mercados Lusófonos do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, que participou na tarde de ontem, na sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da abertura do evento Decola Nordeste. 

Setores

Para Javier Dufourquet, adido agrícola e chefe da seção Econômica da Embaixada Argentina, apesar da significativa participação de calçados e de cereais na pauta de exportação e importação entre Ceará e Argentina, os setores prioritários serão o de alimentos, turismo e de energias renováveis. “Esses são os três setores que, em princípio, a gente vai trabalhar”, disse. “É muito importante para nós, esse evento, porque permite acrescentar relacionamento comercial entre Argentina e Ceará. E é muito importante fortalecer o incremento comercial nas duas vias. Isso é um pontapé inicial e esperamos que tenha muito sucesso”.

Representando a Fiec no evento, o presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), André Siqueira, destacou que a criação da Câmara deverá facilitar a interlocução dos setores com o governo argentino. “O presidente argentino Mauricio Macri, desde 2015, já vem reduzindo bastante as barreiras que estavam travando a relação entre os países, e agora surgirão oportunidades para nós. As perspectivas são muito boas”, afirma.

O secretário de Planejamento do Ceará, Maia Júnior, destacou as oportunidades no setor de serviços, cuja tendência é de expansão na participação do PIB do Estado. “O Estado tem 75% de sua economia no setor de serviços. E 5% desses 75% são do setor de turismo. Então precisamos expandir, fazer crescer mais essa participação”, disse. “O estado do Ceará busca desenvolver não só empresas nacionais, mas multinacionais. Estamos fazendo uma aposta muito grande nesse projeto de transformação, e o carro-chefe são os três hubs econômicos (marítimo, aeroportuário e de telecomunicações)”.

Logística

Segundo Karina Frota, por uma questão logística, muitos produtos produzidos no Estado acabam chegando a outros mercados, como o argentino, com preços pouco competitivos. “A gente tem muitas condições tanto para enviar produtos tipicamente cearenses para lá, como trazer novidades do mercado argentino para cá”. A expectativa é de que com a parceria entre o Porto do Pecém com o de Roterdã, novas rotas deverão surgir, incrementando tanto a comercialização de calçados e trigo como de outros produtos.
 

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