Ceará é terceiro maior mercado de e-commerce no NE

Cearenses gastam, em média, R$ 374,96 em compras na internet. É o único estado da Região com média abaixo de R$ 400, mas ainda superior à de São Paulo (R$ 330,05)

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@diariodonordeste.com.br
Legenda: A designer Nina Bianca Vital busca o e-commerce pelo preço e disponibilidade de produtos
Foto: Foto: Helene Santos

Visto como uma das economias mais sólidas do Nordeste por vários economistas, o Ceará ocupa, atualmente, a terceira maior representação dos estados da Região em relação ao mercado de compras pela internet, ficando atrás apenas de Pernambuco e Bahia. Contudo, segundo pesquisa da Rakuten, uma multinacional japonesa que oferece soluções para o e-commerce, o Estado apresentou o menor tíquete médio do Nordeste na última pesquisa sobre o comportamento do consumidor nas transações digitais.

De acordo com o levantamento, em média, o cearense gasta R$ 374,96 em compras pela internet. O resultado, além de ser o único do Nordeste abaixo do patamar de R$400, apresenta o Ceará como 9º e último colocado no desempenho regional, o que não necessariamente indica um desempenho ruim. 

Principal mercado no Brasil, o estado de São Paulo, que acumula 38,9% de todas as compras no e-commerce, apresentou um tíquete médio ainda menor do que o Ceará. Os paulistas gastam, em média, segundo a pesquisa da Rakuten, R$ 330,05. O valor mais alto para esse parâmetro do levantamento foi registrado no Amapá, com um tíquete médio de R$ 764,97.

Outro ponto interessante indicado pela pesquisa, em relação ao Ceará, é que as mulheres lideram o e-commerce em participação. Ao todo, mais da metade dos cearenses (56,6%) que fazem compras pela internet é de mulheres. Os homens representam 43,4% do mercado digital no Ceará.

De acordo com Rene Abe, CEO da Rakuten no Brasil, esse fenômeno, que se repete em vários estados brasileiros e na média nacional, tem duas explicações. O primeiro ponto levantado por Abe é sobre um dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a geração de empregos para mulheres no País, que foi um pouco superior ante os postos de trabalho para homens nos últimos anos. Mas, segundo o executivo, também existe uma questão comportamental e cultural, no Brasil, relacionada a uma tradição familiar no País que poderia ter relação com a participação de mulheres no e-commerce.

“Há um pequeno efeito econômico-demográfico nesse sentido. Nos últimos 5 anos, o emprego para mulheres aumentou 2% a mais em relação ao número de empregos para homens na região Nordeste, segundo o IBGE. Mas há um fator comportamental: enquanto a maioria dos compradores do sexo masculino realiza compras para si mesmo, a maioria das mulheres tende a realizar compras para a família inteira”, explicou Abe. 

“Além disso, as categorias que mais vendem no comércio eletrônico (moda e cosméticos) têm inventário, disponibilidade e estoques maiores, o que acaba contribuindo para um viés de representatividade do público feminino no total de compras online”, complementou o CEO da Rakuten.

Comportamento

O levantamento da multinacional japonesa ainda revelou que quase três quartos da população cearense ainda preferem fazer compras pela internet usando o computador, deixando os aparelhos móveis, como smartphones e tabletes, em segundo plano. 

Abe explica que o preço dos planos de internet móvel, ainda muito elevados no mercado nacional, e as compras efetuadas no ambiente de trabalho são determinantes para o uso dos computadores. “O acesso à internet no trabalho e nas escolas ainda tem grande participação no total de usuários online. Além disso, ainda estamos no meio de uma fase de transição para a dominância da internet móvel, mas o custo dos planos de internet nos celulares, aliada a uma pior usabilidade das lojas nos dispositivos móveis, também causa desconfiança em relação à segurança das compras realizadas nos smartphones”, disse.

Preços

Contudo, um dos fatores que mais atrai os consumidores a buscar os produtos na internet ainda é a diferença de preços em relação às lojas físicas. A designer Nina Bianca Vital, de 24 anos, uma ávida consumidora digital, disse que dois motivos a levam a buscar as opções no e-commerce: o preço e a disponibilidade de produtos. 

“As peças do meu Fusca eu não encontro aqui, então eu tenho que comprar pela internet. Eu também precisei comprar uma bota impermeável e até fui ao shopping, mas estava custando o dobro. Atualmente, está mais fácil comprar pela internet e passa uma confiança maior, e ainda temos os códigos de rastreio até mesmo com as compras internacionais”, afirmou. A designer disse que compra todo tipo de produto pela internet, desde tinta para cabelo a peças de bicicleta ou aparelhos eletrônicos e peças de roupa. 

O engenheiro civil Talyson Pereira, 26, também afirmou que os preços promocionais são o principal motivo para recorrer às compras online. Os eletrônicos, livros e as roupas são as principais compras do engenheiro na internet. Ele ainda comentou que sempre se planeja todo ano para aproveitar os descontos oferecidos no período da Black Friday.

“Eu nunca tive problema em compras pela internet, mas eu sempre procuro ir em sites que eu conheço. Já cheguei a provar um sapato em uma loja, mas comprei pela internet, por conta do preço”, disse.

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