CE tem saldo positivo de empregos, mas retomada deve vir em 2020

De acordo com dados do Caged, em agosto, o Estado terminou o mês com 4.525 oportunidades formais de emprego criadas. No entanto, resultado foi apontado como reflexo da sazonalidade do início do segundo semestre

Escrito por Samuel Quintela , samuel.Quintela@diariodonordeste.Com.Br
Legenda: O setor de serviços foi o que gerou mais empregos em agosto
Foto: Foto: JL Rosa

O mercado de trabalho cearense terminou o mês de agosto com um saldo positivo de 4.525 empregos formais gerados. O número, apesar de superar consideravelmente o resultado de julho, quando foram geradas 890 vagas, no entanto, não representa a consolidação da retomada econômica do Ceará ou do Brasil. Isso porque, segundo Mardônio Costa, analista do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), o desempenho positivo registrado no mês passado é fruto de uma flutuação sazonal do início do segundo semestre, se repetindo, quase sempre, ano após ano. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela Secretaria do Especial do Trabalho do Ministério da Economia.

Além da questão específica mensal referente ao resultado, o número de agosto foi o mais baixo desde 2016, quando o saldo de vagas formais de emprego foi de apenas 406 postos. O analista de mercado de trabalho do IDT ainda ponderou que, pelo ritmo de crescimento da economia do Ceará e do Brasil, é possível que a retomada econômica se confirme apenas em 2020.

Apesar de apresentar uma evolução considerável em agosto, ante julho, o resultado do Caged, segundo Mardônio Costa, pode refletir o crescimento das contratações temporárias, já que o principal destaque do último relatório foi o setor de serviços. Portanto, o dado pode ser algo pontual. Com um saldo de 1.612, o segmento foi o único, no Estado, que gerou mais de mil postos formais em agosto.

Retomada

Contudo, Costa apontou que o resultado, apesar de não garantir a retomada, é positivo, já que apenas um setor da economia local apresentou resultado negativo: o de serviço industrial de utilidades públicas, com 49 vagas encerradas.

"O (setor de) serviços teve o quinto mês positivo de geração de vagas e voltou ao patamar de 1.600 vagas criadas por mês. Já a indústria da transformação saiu de 3 meses seguidos de demissões, já que em maio, junho e julho tivemos perdas de emprego, então é um resultado positivo, mesmo que em pequeno patamar", disse.

"A construção civil tem o terceiro mês consecutivo de saldo positivo de geração de empregos, o que pode estar apontando uma retomada gradual do setor, com melhora da atividade econômica. E a agropecuária teve o quarto mês consecutivo positivo", completou o analista.

Conjuntura

Ainda assim, Costa considerou o resultado como uma "melhora discreta" e que será necessário aguardar o impacto das reformas estruturais (da Previdência e tributária) para confirmar a retomada econômica. Somente a partir de uma evolução constante do mercado brasileiro é que a geração de empregos no País e no Estado deverá retornar a um patamar capaz de reduzir a taxa de desemprego atual.

"O crescimento econômico tem se mostrado muito lento. O País não vai crescer nem 1%, e o Ceará vem caminhando na mesma rota, embora no segundo trimestre a nossa economia tenha descolado um pouco mais. Mas as perspectivas do mercado vão sendo deslocadas para 2020. O ritmo de atividade econômica tem sido lento para zerar o déficit de vagas", afirmou Costa.

Atualmente, o Ceará ainda convive com uma taxa de desemprego de 10,09%, o que representa mais de 449 mil pessoas sem trabalho.

Cidades

O Caged ainda apontou, considerando os municípios com até 30 mil habitantes, que Fortaleza foi a cidade com o maior saldo de postos de trabalho formal em agosto. No mês passado, a Capital criou 1.612 oportunidades de trabalho. Juazeiro do Norte (316), Granja (291) e Caucaia (245) aparecem logo em seguida no ranking do estudo.

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