Cartão de crédito pode ser o maior vilão da renda

Escrito por Redação ,
A incidência de juros sobre juros torna o dinheiro de plástico perigoso se não for usado com controle

Uma bola de neve que só cresce. É isso que ocorre, a cada nova fatura, com os números da dívida de um cartão de crédito não pago. Principal motivo de dívida das famílias brasileiras em março deste ano, representando 71,4%, na comparação com igual mês de 2012, esse meio de crédito pode sair facilmente da posição de "mocinho" para "vilão" na renda mensal, se for mal utilizado.

Consumidor nunca deve optar pelo pagamento mínimo do cartão ao se planejar FOTO: KIKO SILVA

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que as dívidas com cartão de crédito ficaram no topo do ranking, seguidas pelos carnês (23%), pelos financiamentos de carro (10,4%), crédito pessoal (13,2%), cheque especial (5,3%), financiamento de casa (3,1%), cheque pré-datado (3%) e ainda pelo crédito consignado (2,6%).

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o consumidor nunca deve optar pelo pagamento mínimo do cartão de crédito. "Os juros são os mais altos do mercado. Se perceber que não vai conseguir arcar com este compromisso, o ideal é buscar crédito com juros mais baixo", aconselha. Ele afirma que o novo compromisso utilizado para cobrir a dívida não deve ultrapassar os juros de 3% ao mês. Conforme Domingos, o ideal é que o limite do cartão seja de, no máximo, 50% do salário. Além disso, destaca, o consumidor deve ficar atento às compras em parcelas fixas - sempre lembrando que o orçamento mensal futuro estará comprometido.

Foi por conta da "bola de neve" formada pelos juros que a pedagoga M.F., que pediu para não ser identificada, mergulhou em dívidas. Mesmo após renegociar em dez parcelas o valor que devia ao cartão de crédito, há cerca de três anos, ela só conseguiu realizar o pagamento durante os três primeiros meses. "Do valor pequenininho, ficou bem grandão. Tinha mês que eu pagava o mínimo, mas eram juros por cima de juros. Da última vez que vi, há uns dois anos, estava em R$ 2 mil", comenta.

De acordo com ela, como não conseguiu renegociar juros mais baixos, as parcelas acabaram não cabendo no bolso. O grande problema, diz, surgiu após uma crise financeira enfrentada pela família. Cortar o pagamento do cartão foi uma das primeiras opções. "O que eu acho pior é a pressão que fazem em cima do consumidor, amedrontando", argumenta. Assim como ela, o marido chegou a acumular uma dívida que ultrapassava R$ 26 mil. Porém, o valor inicial era de cerca de R$ 4 mil. "Virou uma bola de neve. Antes, eles sempre mandavam o boleto, mas pararam. O último dizia que a dívida ia passar para uns R$ 4.200 à vista ou 36 parcelas de um pouco mais de R$ 100, mas vamos pedir pra baixar", afirma.

Segundo Reinaldo Domingos, quando não se tem educação financeira, o cartão de crédito pode se tornar ferramenta que impulsiona o consumo.

Uso consciente

Nesta situação, o consumidor pode adquirir serviços e produtos que não tem real condição. "É importante ter em mente que ao fazer prestações no cartão se tem dívidas, e quem tem dívidas paga juros e realiza menos sonhos, além de poder ficar inadimplente", afirma.

Ele aconselha que o consumidor procure cartões sem anuidade e aproveite benefícios que possam ser oferecidos, como prêmios ou milhagens. "Recomendo para quem tem um ganho mensal fixo, apenas um cartão. Para quem tem diversos ganhos durante o mês corrente ter no máximo três cartões dia 10, 20 e 30, utilizando sempre com seis dias antes do vencimento", explica. Desse modo, o prazo no pagamento sem juros será em torno de 36 dias - tornando um item comum de endividamento familiar em um grande aliado. (GR)

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.