Captação de investimentos é desafio para startups no Ceará

Empreendedores que gestaram seus negócios no Estado apontam as principais dificuldades vivenciadas. Estruturação de equipe para a empresa é um dos principais obstáculos enfrentados

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.rodrigues@diariodonordeste.com.br
Legenda: Empreendedores destacam que muitas startups nascem durante eventos de incentivo à inovação

O Ceará é a origem de startups apresentadas como cases de sucesso Nordeste afora, mas apesar do ecossistema de inovação em pleno crescimento captar investimento e trabalhar a construção de uma equipe de colaboradores ainda são desafios que precisam ser superados localmente, conforme avaliam empreendedores que começaram no Estado e expandiram os negócios para o resto do Brasil.

O cofundador e chief design office da Agenda Edu, Pietro Ociuzzi, lembra que no início do negócio eram poucos os eventos e iniciativas voltadas para a aceleração dessas empresas. “A startup nasceu quando não tinha nenhum ecossistema focado em startups. Surgimos em um evento que fomenta a ação empreendedora”, detalha.

O evento que possibilitou o desenvolvimento da ideia, na época, era realizado uma vez ao ano. Hoje, a frequência aumentou para pelo menos três vezes, o que revela uma atenção maior para a inovação. “Assim como a gente, várias outras empresas nasceram em eventos como esse e várias também podem surgir. É preciso validar a ideia e ter uma rede que apoie”, frisa Ociuzzi.

Outro problema crucial, o investimento para que a ideia saia do papel acaba sendo captado no Sudeste. “Tem muitas startups com produtos bons, mas precisam captar recursos para acelerar esse processo. Nesse estágio inicial normalmente esse negócio não tem uma equipe estruturada e isso é importante”, acredita o cofundador da startup.

Ganhar a confiança do mercado e adquirir clientes são as principais dificuldades iniciais enfrentadas por uma startup, na avaliação do desenvolvedor da cearense ValetWay, Edson Rocha Patrício. “Quanto mais cedo o empreendedor colocar sua ideia para o mercado e validá-la, melhor”, diz. “A startup precisa sair da sua vizinhança, para que o empreendedor tenha uma diversidade de experiências. O problema não é errar, mas é preciso errar rápido. Para isso é importante essa diversidade”.

Como parte do estímulo à inovação que promove, o Banco do Nordeste disponibiliza uma linha de crédito para produtos, serviços, processos e métodos inovadores com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). De acordo com a instituição de fomento regional, nos quatro primeiros meses de 2019, já foram contratados R$ 44,6 milhões pelo FNE Inovação.

Mão de obra

De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), são 12.783 desses negócios em atividade no País, dos quais 982 estão na região Nordeste. Para Rafael Ribeiro, diretor executivo, o Nordeste “vivencia uma evolução interessante”, mas destaca que um desafio geral no Brasil é a mão de obra qualificada, que inclusive normalmente é mais barata na Região, de acordo com ele. “A academia não está preparando ainda o universitário para esse negócio disruptivo, então o País enfrenta um déficit de mão de obra”, arremata Rafael Ribeiro.

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