Capital registra 2ª maior inflação do País em produtos alimentícios

Embora os alimentos tenham apresentado deflação de 0,18% nacionalmente, Fortaleza teve o segundo maior índice inflacionário de produtos do tipo em junho, com alta de 0,26%. Frutas, hortaliças e carnes foram os itens atingidos

Escrito por Bernadeth Vasconcelos , bernadeth.Vasconcelos@verdesmares.Com.Br

A Capital cearense registrou o segundo maior índice inflacionário de produtos alimentícios em junho, com alta de 0,26%, conforme dados da pesquisa Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada ontem (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, a cidade também registrou a maior inflação do País no acumulado do ano, com alta de 3,31% no mês passado. Embora os alimentos tenham apresentado queda na inflação de 0,18% no Brasil, em Fortaleza se manteve elevada, principalmente nas frutas, hortaliças e carnes.

Conforme Odálio Girão, analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), o baixo desempenho na safra de alguns alimentos prejudicou o abastecimento desses produtos no Estado. "O produtor não se programou para uma grande safra neste período e por isso está recebendo produtos de outros estados. Então, essa logística de distribuição de outras regiões interfere diretamente no preço desses produtos", explica.

Aumento

Ainda de acordo com o IPCA, em maio, a cebola teve redução na inflação de 8,81%. Contudo, em junho, foi o produto a registrar o maior índice inflacionário (10,47%). Além dela, outros produtos tiveram alta, como tomate (6,87%), goiaba (6,34%), uva (5,49%) e peixe-serra (5,1%).

"Houve uma redução das colheitas de cebola, o produto não tem em quantidade suficiente para abastecer os mercados do Ceará e do Nordeste. Então, está vindo cebola de fora, da região Sul do Brasil, com o preço bastante elevado. Se continuar assim, vamos ter que importar da Argentina ou Espanha", aponta.

Conforme Girão, o alto preço dos insumos na alimentação de aves, bovinos e suínos pesou no bolso do consumidor. "Houve aumento no preço do milho, assim como em outros insumos que são complementos da ração animal, então isso afeta os cuidados dos produtores com o gado. Além disso, os produtores têm uma demanda muito forte agora, com a retomada da China na compra do bovino brasileiro e isso influencia no abastecimento do País", afirma o analista.

Na avaliação de Darla Lopes, diretora do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef), a alta da inflação dos produtos alimentícios ocorre por motivos estruturais influenciados pelo mercado financeiro. "A instabilidade do dólar afeta diretamente no preço dos insumos que são usados como matéria-prima, a exemplo da soja ou do milho. Então, se há elevação, haverá reflexo no preço interno também", aponta.

Segundo Darla Lopes, a oscilação no preço do barril do petróleo também influencia na logística de distribuição dos produtos no Brasil.

Boas colheitas

Já os itens feijão carioca (-16,07%), maracujá (-12,7%) e laranja-pera (-10,28%) tiveram redução na inflação devido ao forte período de colheitas. Em relação às frutas mencionadas, Girão comenta que a safra deste semestre irá influenciar na redução do preço. "Começaram a chegar novas safras de algumas frutas, como é o caso da banana, laranja e maracujá. Este último permaneceu com o preço alto no semestre, mas com a safra nova terá o preço reduzido", diz.

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