Calçados, frutas e cera de carnaúba se beneficiam com alta do dólar

Setores que já exportam grandes volumes de mercadoria no Estado devem ser os primeiros a sentir os efeitos da elevação do dólar, mas é preciso ampliar a produção para tirar mais proveito desse cenário, avalia especialista

Escrito por Redação ,
Legenda: Setor de calçados exportou US$ 100 milhões no 1º quadrimestre, 5,6% a mais que no ano passado
Foto: Foto: Antônio Rodrigues

O dólar voltou a registrar mais altos patamares em oito meses ao ultrapassar os R$ 4 na semana passada. Apesar de ser um problema para o consumo dos brasileiros, os grandes exportadores cearenses – entre os quais dos segmentos de calçados, frutas e cera de carnaúba – podem se beneficiar com o cenário.

Na avaliação de Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), estes são alguns dos setores que podem se beneficiar com essa variação.

“Para as empresas que já estão exportando, como o setor de calçados, de frutas e cera de carnaúba, essas indústrias podem aumentar o valor exportado com a elevação do dólar”, pontua. 

De janeiro a abril, o setor de calçados exportou volume de quase US$ 100 milhões, um aumento de 5,6% em comparação ao primeiro quadrimestre de 2018. O de frutas vendeu US$ 48 milhões no mesmo período, mas foi o único a registrar queda, com redução de 24% do valor exportado.

Já a exportação da cera de carnaúba movimentou US$ 30 milhões, com avanço de 56% das vendas ao exterior. Ao todo, de janeiro a abril deste ano, foram exportados US$ 735,2 milhões no Estado, 15% a mais que em igual período de 2018.

Embora o ritmo das exportações esteja positivo, Karina explica que apenas empresas com condições de ampliar a produção podem ter mais competitividade nesse momento. “A alta do dólar não é uma garantia de lucratividade imediata, até porque as empresas precisam estar preparadas para usufruir da associação cambial, expandindo a produção”, conclui. 

Contra a maré 

Na contramão das exportações, o setor de importação registrou um decréscimo nos últimos cinco anos, saindo de 13% em 2015, para 10,6% em 2019. Além disso, os US$ 670,4 milhões comprados do exterior pelo setor produtivo do Ceará nos primeiros quatro meses deste ano representaram uma queda de 16% em relação a igual período do ano passado, conforme dados divulgados pelo estudo Ceará em Comex, do Centro Internacional de Negócios da Fiec. 

Para o economista Ricardo Coimbra, se a situação do dólar permanecer, setores que precisam importar podem ter mais prejuízos.

“Se isso persistir durante dois ou três meses, nós teremos um impacto negativo no preço de alguns insumos que são importados”, pontua Coimbra. 

Na visão do especialista, o preço do combustível e de outros produtos podem aumentar. “Prioritariamente, a parte de combustíveis pode ter uma elevação no preço, impactando também a cadeia logística, gerando inflação. Além disso, também temos o trigo, que nós importamos em volume significativo aqui no Ceará, afetando o preço de massas em supermercados e padarias”, analisa.

Consumidor

No final, quem pagará a conta será o consumidor, conforme aponta Karina Frota. “A empresa que vai importar uma matéria-prima mais cara e vai utilizá-la em sua produção, consequentemente elevará os preços do seu produto final”, destaca.

Setor de calçados exportou US$ 100 milhões no 1º quadrimestre, 5,6% a mais que no ano passado 
 

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