Brasil só vai conseguir superar a recessão em 2020

Confirmada a previsão, será o maior período de recuperação de todas as crises do País, desde os anos 1980

Escrito por Redação ,
Legenda: A economista alerta que o País será menos capaz de produzir expansão econômica, com a mão de obra mais despreparada pelo tempo fora do mercado

Rio. Se antes da greve dos caminhoneiros a economia brasileira já estava decepcionando, com a paralisação o Brasil ficou ainda mais deprimido. E a recuperação da crise, mais distante. Estudo inédito da economista Silvia Matos, da Fundação Getulio Vargas (FGV), mostra que levaremos 16 trimestres, ou quatro anos, para voltar ao mesmo nível de Produto Interno Bruto (PIB) anterior à crise, em 2014.

Será o maior período de recuperação de todas as recessões já vividas pelo País, desde os anos 1980. Contabilizando cinco trimestres desde a retomada do crescimento, no início de 2017, ainda estamos 5,5% abaixo do patamar do PIB de 2014 e levaremos mais 11 trimestres para voltarmos ao ponto inicial da crise. Ou seja, isso só vai acontecer em 2020. Na última recessão longa, entre 1989 e 1992, que durou o mesmo tempo da de 2014 a 2016, a recuperação veio após sete trimestres.

"Mesmo em recessões longas, como a de 1989, o ritmo de crescimento depois foi mais forte. Levar mais três anos para voltar a 2014 será inédito na História brasileira. A previsão é com base no crescimento médio desde o fim da recessão, em torno de 0,5% por trimestre", explica Silvia Matos.

A economista alerta que tantos anos de recessão e baixo crescimento vão tornando o País menos capaz de produzir expansão econômica, com a mão de obra mais despreparada pelo tempo fora do mercado, e sem investimento, o que também diminuiu nossa capacidade de produção. Pelas contas da economista, o PIB potencial, o teto da nossa expansão sem gerar inflação, é de 1,5%. Já foi de 4%.

Cálculo endossado

Silvio Campos Neto, da Tendências, chegou a resultado semelhante. Calcula que voltaremos ao nível de 2014 no terceiro trimestre de 2020, um trimestre antes do que prevê Silvia. Ele espera uma expansão média de 0,6%. São 26 trimestres entre recessão e recuperação.

"O próximo ano vai ditar os rumos. Saberemos quais serão as escolhas e indicações, que tipo de confiança vai gerar para os agentes econômicos".

O tempo de recuperação pode ser ainda maior do que os quatro anos, se a confiança de empresários e consumidores continuar baixa como mostraram as últimas sondagens. Em maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) constatou que o índice de confiança havia caído 5,9% por causa da greve dos caminhoneiros. Em junho, com o fim da paralisação, subiu 0,6%, nem de longe recuperando as perdas do mês anterior.

A sondagem da indústria mostrou um empresário que pretende demitir e não investir nos próximos seis meses. A confiança do consumidor também está em queda livre, no menor patamar desde abril de 2016, o auge da recessão. Não há notícias boas no horizonte, e a situação atual piorou. A esperança de um futuro melhor se diluiu.

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