Black Friday gera mais buscas na internet que Dia das Mães no CE

Segundo dados de pesquisas do Google, no Estado, foram mais de 25,7 mil buscas com o termo 'Black Friday' realizadas até 1º de novembro. Comércio estima crescimento de 10% nas vendas do varejo cearense com a data

Escrito por Carolina Mesquita , carolina.mesquita@svm.com.br
Legenda: Eletrônicos, cosméticos e perfumaria devem ser destaques em vendas, prevê presidente da Fecomércio-CE
Foto: Foto: JL Rosa

Ainda relativamente recente no calendário do comércio brasileiro, com início em 2010 no Brasil, a Black Friday se consolidou e vai deixando para trás outras datas mais tradicionais. Segundo dados do Google, o termo 'Black Friday' já é o mais pesquisado entre as datas comemorativas no País e também no Ceará.

No Estado, a Black Friday já acumulou cerca de 25,7 mil buscas contra 22,2 mil do Dia das Mães, segundo colocado, até 1º de novembro. A proporção de buscas por mil habitantes no Ceará (2,82) é a terceira maior entre os estados do Nordeste, ficando atrás apenas de Pernambuco (2,85) e Rio Grande do Norte (3,1). As informações são do engenheiro Ricardo Cid, proprietário do portal Bons Investimentos. No Brasil, as buscas pela "sexta-feira negra" somam 1,8 milhão de pesquisas realizadas no site.

Projeções

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), o varejo brasileiro deve faturar R$ 3,67 bilhões com a data, um crescimento real de 6,8% em relação ao ano passado. No Ceará, a perspectiva é que haja um avanço de 10% nas vendas, segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola.

Fabio Bentes, economista da CNC, explica que o apelo em termos de preço foi a característica que fez o evento se consolidar tão rapidamente. "No início, apenas os segmentos de móveis, eletrodomésticos e livrarias aderiam. Com o passar dos anos, começaram a fazer promoções também farmácias e lojas de perfumaria e cosméticos, supermercados, lojas de informática, e vestuário", ressalta.

Bentes ressalta o tamanho do crescimento projetado para a Black Friday deste ano. "Nenhuma das demais datas comemorativas este ano conseguiram crescer acima de 5%. Para a Black Friday, estamos projetando 6,8% já descontando a inflação", aponta.

A data continua ganhando fôlego como nenhuma outra mesmo no período de crise. O economista da CNC lista três fatores que, aliados ao caráter apelativo dos preços na Black Friday, explicam o ritmo contínuo do avanço.

"Primeiro, nós temos a inflação mais baixa dos últimos 20 anos, o que ajuda o consumidor a preservar seu poder de compra. Segundo, temos as taxas de crédito que continuam caríssimas, mas os prazos ficaram mais amplos desde o ano passado, de forma que o consumidor consegue acomodar a prestação dentro do orçamento mais facilmente, ainda que fique mais tempo endividado. Por fim, nós temos a liberação do FGTS, que ajuda a empurrar o faturamento do varejo", explica Bentes.

E-commerce

Sobre as buscas relativas à Black Friday serem maiores entre as datas comemorativas, o economista afirma que isso demonstra mais uma vez a consolidação da data no calendário brasileiro, mas que não significa que ela já é mais importante que Natal ou Dia das Mães, por exemplo.

"A taxa de consolidação das buscas no Brasil ainda é muito pequena. Apenas uma a cada dez pesquisas são efetivadas em compras, aproximadamente. As pessoas utilizam muito a internet como ferramenta de pesquisa de preços", esclarece Fabio Bentes.

O presidente da Fecomércio-CE, Maurício Filizola, acrescenta que, pela facilidade de comparação de preços, o meio eletrônico tem crescido bastante, mas não exclui o canal físico. "Ainda tem uma parcela da população que não se sente familiarizada com essas tecnologias e as lojas físicas proporcionam uma experiência diferenciada. O atendimento é um fator que conta muito e que nunca será substituído", avalia.

Entre os segmentos que devem vender mais na Black Friday no Ceará, ele destaca o de eletroeletrônicos. Cosméticos e perfumaria. "Mas o crescimento e o desempenho dos setores vão depender de como as empresas irão fazer essa comunicação para o mercado e das promoções ofertadas. O consumidor está cada vez mais atento", ressalta.

Filizola ainda frisa que a liberação da primeira parcela do 13º salários dos trabalhadores em novembro contribui para impulsionar as vendas do varejo. "Por conta da proximidade do Natal e dos descontos que saltam aos olhos, as pessoas aproveitam esse dinheiro extra para antecipar a compra de presentes ou para comprar produtos de uso próprio".

Serviços

Além do comércio, o segmento de serviços também tem aderido à Black Friday após ver o sucesso da data. O presidente do Sindicato de Restaurantes, Bares, Barracas de Praia, Buffets e Similares do Estado do Ceará (Sindirest-CE), Dorivam Rocha, revela que empresas do setor sempre aderem, principalmente os estabelecimentos em shopping centers.

"Por terem uma maior movimentação e concentração de lojas, os shoppings saem à frente. Em relação às estratégias, deverão ser utilizadas várias de acordo com a especialidade de cada local. Mas teremos descontos agressivos de até 70%", destaca. Segundo estimativa do setor, o crescimento com a data girará em torno de 20% a 30%.

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