Atacado: hortifrúti deve acabar na segunda-feira

Produtos como morango, que vem de outros estados, já não são mais encontrados na Ceasa do Ceará

Escrito por Redação ,

Fortaleza/São Paulo. Com a continuidade da greve dos caminhoneiros em todo o País, o abastecimento de frutas e hortaliças no Ceará permanece comprometido. Produtos como a uva e o morango já estão ausentes do mercado, segundo Odálio Girão, analista de mercado da Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa/CE). No entanto, a situação não sofreu grandes mudanças na sexta-feira (25).

"Nós temos capacidade para aguentar até este fim de semana, mas na segunda-feira (28) já precisaremos de mercadoria nova", afirma Odálio Girão. Ele acrescenta que produtos de produção regional devem continuar nas prateleiras por mais algum tempo e que o problema maior é com os itens vindos do Sul e Sudeste.

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Odálio Girão também informou que 56% de toda a produção vendida na Ceasa vêm de outros estados. "Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são, nessa ordem, os principais emissores de frutas e hortaliças para o Ceará", destaca.

Ele ressalta ainda que repolho, cenoura, pimentão, cebola, maracujá, laranja, manga, abacate, maçã, pera e pêssego estão escassos e os preços estão subindo constantemente. A escassez de alguns produtos tem feito os preços dispararem na Ceasa/CE. A batata-inglesa, por exemplo, já subiu mais de 243% desde o início da paralisação dos caminhoneiros.

Nacional

As Ceasas de outros estados brasileiros também estão enfrentando problemas devido à paralisação dos caminhoneiros, que continuam bloqueando as rodovias do País, apesar da proposta de acordo anunciada pelo governo na última quinta-feira (24).

Em Santa Catarina, por exemplo, o gerente de abastecimento da Ceasa, Edmilson Moreira, disse que os efeitos dos protestos dos caminhoneiros são inéditos. "Estou há dez anos na Ceasa e nunca tinha visto isso", afirma. Segundo ele, o desabastecimento piorou desde a última quarta-feira (23), quando a situação já estava complicada. "Produtos como laranja, limão, abacaxi, mamão, goiaba e manga já estão praticamente esgotados", diz. O número de compradores, de acordo com Edmilson, também caiu 40% desde quarta.

No Rio de Janeiro, a Ceasa ainda sofria com falta de produtos nessa sexta-feira (25), provocada pela paralisação de caminhoneiros. Segundo a chefe da divisão técnica da Ceasa-RJ, Rosana Moreira, os produtos que no início da semana começaram a faltar e tiveram disparada de preço, agora já não estão disponíveis no mercado distribuidor.

O local, que recebe em média de 300 a 400 caminhões nas sextas-feiras, só recebeu 38. Há falta registrada de alimentos, por exemplo, como cenoura, batata, pimentão, alface, couve, chicória, salsinha, morango, abacate e laranja pera.

Os alimentos que ainda estão disponíveis, explicou ela, são os importados, que chegam em contêineres e ficam estocados por mais de uma semana, como alho e cebola.

O saco de 50 quilos da batata inglesa lisa, que chegou a R$ 500 no auge do movimento, na última quarta-feira (23), teve o preço alto mantido, mas segundo Moreira, já não é mais vendido.

"O que estava muito caro na quarta-feira chegou a ser vendido naquele dia, mas agora empacou. Não vende nada. Tivemos uma redução de 80% na entrada de caminhões", disse ela.

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