Aproximação do Governo Federal com Israel deve beneficiar o Ceará

Parcerias voltadas para a transferência de tecnologia já trabalhadas entre o Estado e representantes do país asiático são consideradas prioritárias para o desenvolvimento cearense, segundo analisam especialistas

Escrito por Bruno Cabral , bruno.cabral@diariodonordeste.com.br
Legenda: Dessalinização, energias renováveis e agricultura irrigada são áreas já trabalhadas com Israel

A criação de um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém (Israel) e o estreitamento dos laços entre os dois países também deverá favorecer as relações comerciais e o intercâmbio tecnológico entre o Ceará e o país asiático.

Apesar de o comércio entre o Estado e Israel ter somado apenas US$ 6,4 milhões, no ano passado, as parcerias voltadas para transferência de tecnologia envolvem áreas prioritárias para o desenvolvimento do Ceará, como projetos de dessalinização de água, agricultura irrigada e geração de energia renovável.

"Há mais de dois anos, nós temos uma relação com Israel, tanto o setor público como a classe empresarial. Então, com a possibilidade de ter um escritório de negócios em Jerusalém, a gente acredita que irá facilitar o comércio, com uma relação menos burocrática, com uma melhor comunicação", diz Ana Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN/CE), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Para ela, a medida deverá aumentar o intercâmbio comercial com o Estado.

"Devemos ter respostas mais rápidas a alguns entraves burocráticos e como ainda temos uma relação comercial inexpressiva, a abertura de um escritório de negócios poderá nos beneficiar", diz.

Atuação em Jerusalém

O escritório brasileiro deverá atuar na promoção do comércio, de investimentos, e de tecnologia e inovação. Os outros pontos de destaque serão na área de defesa cibernética e de empresas startups de pesquisa e desenvolvimento na área de tecnologia de exploração de petróleo offshore.

O Ceará exportou US$ 1,653 milhão para Israel e importou US$ 4,802 milhões, no último ano, mas as relações não estão nas áreas nas quais o escritório de Jerusalém deve atuar. A participação do Estado nas exportações do Brasil para o país asiático foi de 0,5%, e nas importações de 0,4%.

Do total das exportações cearenses para Israel em 2018, o setor calçadista foi responsável por US$ 1,549 milhão. E do lado das importações, os fertilizantes somaram US$ 1,955 milhão.

Pouco impacto na balança

O economista Sérgio Melo destaca que o fato de o Ceará já ter boas relações com Israel deverá favorecer ainda mais o Estado mas, no curto prazo, não deverá haver grandes impactos na balança comercial.

"Abrir um escritório comercial em Jerusalém vai ajudar bastante as relações comerciais já existentes. Sem dúvida nenhuma, um escritório comercial vai facilitar as relações. Mas não quer dizer que isso será a salvação da lavoura", analisa.

Tecnologia

Para Heitor Studart, presidente do conselho temático de infraestrutura da Fiec e conselheiro da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), o aspecto mais importante para o Ceará é a transferência de tecnologia, sobretudo para dessalinização de água do mar e para agricultura irrigada.

"Israel, mesmo estando em um deserto, é o maior exportador de frutas para Europa. Além disso, eles estão na ponta no setor de energias renováveis. Esses são os dois pontos mais importantes para nós", observa.

Em novembro, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, disse com exclusividade do Sistema Verdes Mares (SVM) que seu país tem muito a contribuir no combate à seca no Estado bem como no desenvolvimento da agricultura.

"O Ceará tem um acordo direto com Israel. Vamos fazer o consumo de água, gotejamento, dessalinização do mar, bombear água salobra, temos muito a fazer", afirmou.

"O Ceará é um grande parceiro e não é indiferente do governo, temos a fazenda modelo, uma relação com a Universidade Federal do Ceará (UFC), com a troca de professores e estudantes com a instituição. Muitos israelenses estão vindo aqui para pesquisar as coisas da seca e agricultura, especialmente como usar a seca em favor da agricultura", disse Yossi Shelley ao SVM.

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