Após denúncias, Justiça determina bloqueio de bens de corretora

Empresa que atuava no mercado de investimentos tem contas e bens de proprietários bloqueados para resguardar clientes. No Ceará, cerca de 200 pessoas foram prejudicadas pela atividade da corretora

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br
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Cearenses que tiveram prejuízos de mais de R$ 10 milhões após encerramento das atividades da corretora Miner Investimentos conquistaram ontem, por meio da Justiça de São Paulo, o bloqueio de R$ 755 mil reais das contas da empresa.

Atendendo a pedido de um escritório de advocacia que representa 50 de cerca de 200 cearenses prejudicados com a operação da Miner, a Justiça paulista determinou, em caráter liminar, que os bens pessoais de Geraldo Alves Vieira e Rene Antonio da Silva, proprietários da corretora, fossem bloqueados. Os réus serão investigados por possível desvio fraudulento de ativos.

Os acusados terão um prazo de até cinco dias para apresentarem a defesa e recorrer da medida. Conforme a decisão do juiz Luis Felipe Ferrari Bendendi, a liminar busca proteger os clientes da empresa e "resguardar os valores investidos pelos autores de eventual esvaziamento, por suposta fraude perpetrada pela parte ré, ou, ao menos, evitar a desvalorização dos valores investidos em virtude da falta de gestão dos ativos".

Sobre o caso

Como o Diário do Nordeste informou na edição da última sexta-feira (16), a Miner anunciou no início do mês o encerramento de suas atividades e que clientes teriam prejuízo de 75% dos valores aplicados. A empresa havia sido intimada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por atuar irregularmente com a "administração de carteira de valores mobiliários, sem estar registrada ou autorizada pela CVM para tal", segundo documentos oficiais aos quais a reportagem teve acesso.

Procurada pela reportagem, a Miner reiterou que foi lesada por outra firma de investimentos, a JJ Invest, e que os 1.100 sócios da empresa receberam um valor proporcional de 24,73% dos ativos existentes nas contas.

Pirâmide financeira

Além da má gestão de ativos aplicados, que podem resultar em possíveis golpes, outro crime que merece atenção é a pirâmide financeira. O último estelionatário descoberto pelo crime foi o mineiro Marcel Mafra Bicalho, de 35 anos, que atuava principalmente no Ceará. Com o nome falso de Marcelo Mattos, ele teria cerca de 10 mil clientes no Brasil.

Reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, exibida no último domingo (18), mostrou que o homem preso em um resort de luxo em Arraial d'Ajuda, distrito de Porto Seguro, na Bahia, movimentou quase R$ 1 bilhão nos últimos três anos. Quatro vítimas ingressaram com pedidos de indenização contra Marcel Mafra Bicalho, na Justiça Estadual do Ceará, em junho deste ano. Duas ações pedem o valor de R$ 615 mil. Os processos ainda não foram julgados.

A Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Ceará registrou ao menos um Boletim de Ocorrência contra o estelionatário e remeteu a investigação para Minas Gerais, onde ele nasceu e mantinha as contas bancárias. Os advogados de Bicalho não foram localizados.

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