Após deixar clientes no prejuízo, sócios da Miner podem ter fugido

Proprietários da Miner Investimentos estão desaparecidos, segundo advogado que representa dez clientes cearenses prejudicados pela corretora. Empresa nega e afirma que sócios estão em São Paulo

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br
Legenda: Corretora prometia rendimento mensal de 2% dos recursos dos clientes por meio de aplicações

Passado pouco mais de um mês desde que clientes da corretora Miner Investimentos sofreram um prejuízo de mais de R$ 10 milhões, quase nada foi recuperado, e os sócios da corretora não estão mais sendo localizados para prestar esclarecimentos. Segundo o advogado Rômulo Marcel, que representa um grupo de dez investidores lesados pela empresa no Estado, há a suspeita de que os dois sócios teriam deixado o País. No entanto, procurada pela reportagem, a assessoria da empresa disse que os dois sócios estão em São Paulo.

Ao todo, mais de 200 clientes no Ceará tiveram prejuízos com as operações da Miner. "Há uma informação extraoficial de que eles teriam ido para Portugal com as respectivas famílias", disse Marcel, que esteve em São Paulo, na última sexta-feira (6) para acompanhar o caso. "Ainda não dá para afirmar se isso procede, mas o fato é que eles, Geraldo Vieira e Renee Silva, estão desaparecidos".

Sobre a recuperação de valores perdidos, Marcel diz que o retorno, até o momento, não foi satisfatório. "Houve a tentativa de bloqueio de R$ 1 milhão, mas, desse valor, só foi retornado R$ 800". A estratégia, agora, é tentar o bloqueio de bens dos sócios, como imóveis e automóveis.

Suspeita de golpe

No dia 5 de agosto, mais de 50 investidores cearenses relataram a perda de aproximadamente R$ 10 milhões em aplicações financeiras realizadas na Miner Investimentos. Na época, a empresa alegou ter cometido "erros estratégicos" e que teria sido vítima de um golpe perpetrado por outra empresa. Apesar dessa alegação, a Miner e seus sócios não estavam autorizados a realizar as atividades que afirmavam fazer, tendo recebido intimações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para encerrar as operações de "administração de carteira de valores mobiliários".

Para os investidores, a situação seria um golpe esquematizado pela empresa, que vinha atraindo pessoas para a própria carteira de investimentos, sem ter permissão para isso, desde 2017. Segundo relatos de alguns clientes que foram afetados pela operação da Miner, a empresa prometia rendimento mensal de 2% sobre todos os aportes realizados e se apresentava como uma corretora de investimentos por meio de dois sócios: Renee Silva e Geraldo Vieira. Ambos afirmavam morar em São Paulo, onde fica a sede da corretora.

Após ter firmado acordo com a CVM, a Miner demorou sete dias para informar os clientes da intenção de encerrar as atividades. Em uma das respostas à CVM, os sócios da Miner afirmaram, no dia 30 de julho, que encerrariam as atividades no dia 5 de agosto. No entanto, o processo da entidade havia começado em março deste ano, a partir da denúncia de dois investidores da empresa. Ao todo, a Miner Investimentos gerenciava aportes que somavam cerca de R$ 120 milhões de 1.339 investidores em todo o Brasil.

No fim de agosto, foi divulgada uma ligação entre um cliente e um dos sócios, Geraldo Vieira, na qual este revelou ter consciência de que poderia ser preso por irregularidades nas gestões dos ativos. Vieira admitiu ter perdido cerca de 75% dos fundos da conta movimentada pelas aplicações.

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