Alta de 0,6% do PIB confirma retomada puxada pelo setor privado

O PIB está no mesmo nível do 3º trimestre de 2012, tendo se recuperado 4,9% desde que atingiu o fundo do poço no 4º trimestre de 2016. Avanço continua puxado pelo consumo das famílias, que cresceu 0,8% na comparação trimestral

Escrito por Redação ,
Legenda: O Ministério da Economia creditou a alta à liberação dos saques do FGTS, anunciada no fim de julho
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

O desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre confirma a retomada puxada pelo setor privado. O Produto Interno Bruto (PIB) do período cresceu 0,6% em relação aos três meses imediatamente anteriores, informou, ontem (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superior à projeção feita pela agência Bloomberg, que estimava um crescimento de 0,4%.

Pelo lado da demanda, o avanço continua puxado pelo consumo das famílias, que representa quase dois terços do PIB e cresceu 0,8% na comparação trimestral. Os investimentos das empresas avançaram 2%, e o consumo do Governo recuou 0,4%.

O Ministério da Economia creditou a alta à liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), anunciada pelo Governo no fim de julho. Documento divulgado ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE) da Pasta também destaca que a expansão da economia ocorre pelo setor privado em substituição ao público.

"A economia brasileira manteve a trajetória de recuperação da atividade, com aceleração da retomada do crescimento, ratificando o aumento da confiança dos setores de serviços e varejo e dos consumidores que se iniciou após julho, momento de anúncio do Novo FGTS. Destaca-se o crescimento robusto do investimento e a retomada do consumo das famílias, enquanto o gasto do Governo retraiu novamente", avaliou a SPE.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, reiterou que as despesas do Governo - incluindo pessoal e demais gastos, exceto investimentos -, caíram em todas as esferas devido às restrições orçamentárias.

Apesar do resultado, a taxa trimestral ainda está 3,6% abaixo do pico da série, atingido no primeiro trimestre de 2014. O PIB está em igual nível do 3º trimestre de 2012, tendo se recuperado 4,9% desde que atingiu o fundo do poço no 4º trimestre de 2016. Para a coordenadora, os dados do 3º trimestre mostraram que o PIB continua a se recuperar de forma gradual.

"É uma melhora mais ou menos contínua, mas não muito acelerada. O que está impulsionando a economia é o consumo das famílias, que continua crescendo, e o investimento. Puxando para baixo, é a despesa de consumo do Governo e o setor externo, principalmente por causa da desaceleração da demanda mundial e da Argentina", disse Palis.

Indústria

Considerando a ótica da oferta, a indústria teve alta de 0,8%. Segundo o IBGE, o crescimento do setor se deveu à recuperação do setor extrativo, puxada pelo crescimento da extração de petróleo, que cresceu 12% na comparação trimestral, e pelo avanço de 1,3% na construção civil.

A indústria de transformação foi destaque negativo. O PIB da indústria de transformação recuou 0,5% no terceiro trimestre de 2019 ante o terceiro trimestre de 2018. Houve influência da redução nas exportações para a Argentina, mas também da desaceleração no ritmo de crescimento mundial, especialmente da economia chinesa.

A agropecuária cresceu 1,3% e os serviços, 0,4%. Nos serviços, se destacaram as atividades financeiras (1,2%), o comércio (1,1%) e o segmento de informação e comunicação (1,1%). Na comparação com o terceiro trimestre de 2018, a economia avançou 1,2%.

12 meses

O acumulado dos últimos quatro trimestres mostra crescimento de 1%. O IBGE revisou o PIB do 1º trimestre deste ano, de recuo 0,1% para zero em relação aos três meses anteriores. No 2º trimestre, o avanço foi revisto de 0,4% para 0,5%. Essas revisões foram motivadas, principalmente, pela melhora nos números da agropecuária, pela ótica da oferta, e do consumo e investimentos, pela demanda.

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