Abertura da Índia para carne de frango brasileira deve beneficiar o CE

Produtores do Estado disputam mercado nacional com players do Sul e Sudeste. Com esses rivais voltando-se para o exterior, os cearenses poderão ampliar o fornecimento de aves em todo o Nordeste

Escrito por Redação , negocios@verdesmares.com.br
Legenda: Fornecimento de grãos de milho também beneficiou o Estado, que teve o insumo trazido de mais perto

Mesmo não possuindo viés exportador, o Ceará pode ter a produção de aves beneficiada pela abertura de mercado da Índia à carne de frango brasileira. Na avaliação do presidente da Associação Cearense de Avicultura (Aceav), João Jorge Reis, a novidade afeta positivamente a competitividade do Estado no fornecimento do produto para todo o Nordeste. Isso porque, os produtores do Sudeste devem se voltar para o exterior, deixando o mercado nacional ser atendido pelos cearenses.

A abertura de mercado foi anunciada no fim de abril pela titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina. Ainda de acordo com ela, o Japão também tem interesse no produto brasileiro. A ministra esteve no início de maio em países da Ásia em missão para ampliar a abertura e mercados a produtos do agronegócio brasileiro. Atualmente, a produção de frango - 900 mil quilos por dia - é escoada entre os estados da região Nordeste, mas acaba lidando com a concorrência dos produtos do Sudeste, Sul e Centro-Oeste. "Qualquer nova abertura para a exportação de carnes do Brasil impacta a nossa região, que é um mercado importante para produtores do Sul", detalha Reis.

Insumos

Com isso, os produtores locais seriam fortemente favorecidos. "Deixa o Nordeste mais aberto para que os produtores locais possam suprir uma deficiência", diz, acrescentando que o Ceará ainda não exporta. "Não é viável, porque ainda nos encontramos distantes dos produtores de insumo, mas esperamos sim um impacto a partir de aberturas de mercado como esta".

Apesar de a questão não ser considerada pelo setor exatamente um gargalo, o fornecimento de insumos é um ponto que, na análise da Aceav, "pode sempre melhorar". Hoje, o milho consumido nas granjas do Ceará é trazido de estados próximos como Bahia e Tocantins. Antes, o grão era importado da Argentina.

"A safra do ano passado foi muito boa, o suficiente para suprir a nossa região. Com a esperança de mais uma colheita boa (em 2019), a gente deve continuar se abastecendo desses locais", explica. "Existindo o produto aqui a preços competitivos, é mais interessante comprar aqui, porque o dinheiro fica girando na região, a gente consegue fomentar a produção local", analisa João Jorge Reis. Com produção estável em relação aos últimos anos, atualmente, a possibilidade de escoar para outros países não está no radar. Para o presidente da Aceav, iniciar nas exportações não se trata de "um passe de mágica". "O nosso objetivo é abastecer o mercado interno. A gente não acredita que vai acontecer logo, afinal o investimento é alto e tem que ser uma decisão muito segura", ressalta.

Consumo

De acordo com a Aceav, o consumo no País gira em torno de 40 quilos de frango per capita. No caso dos ovos, o presidente da entidade revela que o País está próximo dos 240 ovos per capita. De acordo com a Secretaria da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do Ministério da Economia, as exportações de carne de frango congelada do País totalizaram US$ 352,3 milhões, de janeiro a março deste ano.

 

 

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