​​​​​​​ 70% dos cearenses rejeitam proposta de reforma da Previdência

Pesquisa realizada pelo Instituto Opnus, encaminhada com exclusividade ao Sistema Verdes Mares, revela que a reprovação do projeto é maior entre mulheres, pessoas entre 35 a 44 anos e cearenses com ensino superior

Escrito por Ingrid Coelho , ingrid.rodrigues@diariodonordeste.com.br
Legenda: A idade mínima de 62 anos para a aposentadoria das mulheres é o segundo ponto de maior rejeição
Foto: Foto: Saulo Roberto

Contrários, sobretudo, à nova idade mínima para a aposentadoria das mulheres e à ampliação do tempo mínimo de contribuição, sete em cada dez eleitores no Ceará rejeitam a proposta de reforma da Previdência nas suas atuais condições. A reprovação é mais perceptível entre as mulheres, nos recortes de faixa etária entre 35 e 44 anos e entre os cearenses com ensino superior.

Os dados, enviados com exclusividade ao Sistema Verdes Mares, integram pesquisa realizada pelo Instituto Opnus entre os dias 16 e 25 de março deste ano. Conforme o estudo, o aumento do tempo mínimo de contribuição, de 15 para 20 anos, foi o ponto mais criticado pelos cearenses, com 77% dos eleitores contra e 20% a favor (3% não responderam ou não souberam opinar). A idade mínima de 62 anos para a aposentadoria das mulheres representa a segunda maior reprovação na pesquisa (72% contra; 27% a favor e 1% de abstenção).

A idade mínima de 65 anos para os homens terem acesso ao benefício foi rejeitada por 64% dos cearenses (35% a favor e 1% de abstenção). O ponto com maior aprovação é o nivelamento de idades para a aposentadoria de servidores públicos e funcionários do setor privado - o único no qual a aprovação é maior que a reprovação. Enquanto 55% ficaram a favor do item, 41% se posicionaram contra e 4% não souberam ou não opinaram.

Na avaliação do professor, advogado especialista em Direito Previdenciário e coordenador do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Paulo Bacelar, diante dos números, é possível avaliar que a população cearense está consciente dos pontos cruciais da reforma.

"Vai realmente atingir a população carente, mais pobre, que vai ter que trabalhar cinco anos a mais para se aposentar por idade", explica.

Mulheres

A desaprovação da reforma da Previdência é mais visível entre as mulheres. Enquanto 74% reprovam, 19% são a favor (7% não souberam ou não responderam). Entre os homens, a diferença é levemente menor: 70% contra 27% (3% não souberam ou não responderam).

"A mulher deve ser a mais prejudicada, porque ela vai ter que esperar sete anos para poder se aposentar. O cearense está ciente dos motivos que estão levando à reforma da Previdência e que eles não são verdadeiros", destaca Paulo Bacelar.

Na avaliação do sócio da Conceito Investimentos, Gilberto Barbosa, a proporção de mulheres contrárias à reforma é correlata às mudanças propostas no texto. "Os dados representam algo esperado. É uma reforma impopular", afirma.

"A reforma da Previdência é extremamente necessária para uma retomada consistente da economia. A falta de uma reforma da Previdência implica em um estado insolvente e acarreta em perda da confiança", explica.

Ainda segundo Barbosa, a queda na confiança pode implicar investimento baixo e piora nos níveis de emprego. "Um cenário sem a reforma também pode levar a uma inflação elevada, já que o Brasil teria que aumentar a oferta de moedas", arremata.

O maior índice de rejeição por grau de escolaridade é observado entre os eleitores com ensino superior. Enquanto 77% desaprovam, 19% são a favor e 3% não responderam ou não souberam opinar. Entre os cearenses com ensino médio, a proporção ficou 75% para 22% com 4% de abstenção. No recorte que reúne os cearenses com ensino fundamental completo, 68% desaprovam, 24% aprovam e 7% não souberam responder ou não opinaram.

Macrorregiões

O levantamento revela ainda a opinião dos eleitores por macrorregiões. No Sertão Central, Canindé e Maciço foi observado o maior índice de reprovação da reforma: 83% se revelaram contrários à aprovação das mudanças na aposentadoria e apenas 14% se posicionaram a favor.

Outros 3% não se manifestaram. Os maiores índices de aprovação foram observados em Fortaleza e Região Metropolitana. Na Capital cearense, 65% responderam a favor das mudanças e 29% se posicionaram contra, enquanto 6% não responderam ou não souberam opinar.

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