Violência doméstica custa US$ 8 tri de dólares, e é pior que guerras

Das brigas às guerras, estima-se que no mundo inteiro o total de atos violentos custe US$ 9,5 trilhões por ano

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo pesquisador, problema é subestimado, mesmo representando mais de 80% dos gastos totais envolvendo agressões diversas
Foto: Foto: SILVANA TARELHO

Copenhague. A violência doméstica, principalmente contra mulheres e crianças, mata muito mais que guerras e é um flagelo subestimado que custa à economia mundial mais de 8 trilhões de dólares por ano, informaram especialistas ontem.

O estudo, cujos autores dizem ter feito uma primeira tentativa de estimar os gastos globais da violência, exortou a Organização das Nações Unidas (ONU) a prestar mais atenção aos abusos em casa, que recebem menos destaque dos que os conflitos armados em países como a Síria ou a Ucrânia.

"Para cada morte civil em um campo de batalha, nove pessoas são mortas em desavenças interpessoais", escreveram Anke Hoeffler, da Universidade Oxford, e James Fearon, da Universidade Stanford, na nota.

Das brigas domésticas às guerras, eles estimaram que em todo o mundo a violência custe US$ 9,5 trilhões por ano, sobretudo na perda da produção econômica, o que equivale a aproximadamente 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.

Nos últimos anos, cerca de 20 a 25 nações sofreram com guerras civis, o que devastou muitas economias locais e custou cerca de US$ 170 bilhões por ano. Os homicídios, a maioria de homens e não relacionados com brigas domésticas, custaram US$ 650 bilhões, diz o estudo.

Mas estas cifras se apequenam diante dos US$ 8 trilhões anuais do custo da violência doméstica, cuja maioria das vítimas são mulheres e crianças.

O trabalho dos pesquisadores diz que cerca de 290 milhões de crianças sofreram alguma forma de violência disciplinar em casa, segundo estimativa baseada em dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Com base nos custos estimados, que vão de lesões a serviços de assistência infantil, o estudo calculou que o abuso não-fatal de crianças drena 1,9% do PIB em nações ricas e até 19% do PIB na África subsaariana, onde as modalidades severas de disciplina são comuns.

Bjorn Lomborg, chefe do Centro de Consenso de Copenhague, que encomendou o relatório, disse que a violência doméstica é frequentemente subestimada, assim como os acidentes de carro atraem menos atenção que os de avião, embora muito mais pessoas morram no primeiro caso. "Não se trata só de dizer 'isto é um problema sério'", disse Lomborg. "É uma maneira de encontrar soluções inteligentes", avaliou.

O Centro emprega estudos de mais de 50 economistas, inclusive três prêmios Nobel, e busca soluções para combater desde mudança climática até malária.