Venezuelanos em Fortaleza aflitos com situação da família

Escrito por Redação ,
Legenda: Henry e Estefany Medrano chegaram a Fortaleza há três anos em busca de oportunidades
Foto: Foto: Kid Júnior

Logo ao acordar, na manhã desta terça-feira (30), o casal de venezuelanos Henry e Estefany Medrano recebeu uma notícia que poderia mudar definitivamente a história do seu país. Eles assistiram pela TV o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, que convocava a população às ruas, declarando ter o apoio de militares para pôr fim ao que chamou de "usurpação" do país.

Os dois já não moram na Venezuela há três anos, quando o decidiram se mudar para o Brasil em busca de melhores oportunidades. Atualmente, Henry e Estefany vivem em Fortaleza e são proprietários de um restaurante de comida venezuelana no bairro Maraponga. Mesmo não vivendo mais no país, eles se preocupam com a situação dos familiares e amigos que ainda estão na Venezuela.

Os parentes de Estefany vivem na cidade Maracaibo e os de Henry, em Mérida. Eles contam que as duas cidades têm tradição como palco de grandes protestos, mas ficam longe de Caracas, foco dos conflitos armados entre os oposicionistas e os apoiadores de Maduro.

Mesmo cientes de que os conflitos violentos tinham maior dimensão na capital, a situação dos parentes ainda aflige o casal. Eles contam que estão tendo dificuldade em fazer contato com suas famílias, porque falta energia em grande parte do país. Além disso, Estefany afirma que veículos de comunicação locais não estão retratando a completude dos conflitos ou foram fechados por censura do Governo de Maduro.

"A gente tem esperança em Guaidó, de que tudo melhore lá. A gente tem muita fé porque queremos o melhor para a nossa família e país [...] Sabemos que lá estão acontecendo muitas coisas ruins, muita gente morta e, na verdade, também temos medo, porque muitas pessoas falam que tem de ser agora ou nunca e que, se o levante de hoje não der certo, talvez a oposição não consiga mais chegar ao poder", opina a venezuelana.

Somente no último semestre do ano passado, mais de 21 mil venezuelanos cruzaram a fronteira do Brasil. O Ceará é terceiro estado com mais pedidos de refúgio - de janeiro a julho, foram 352 pedidos contabilizados.