Três meses de coronavírus deixam Planeta em ambiente de guerra

O mês de março termina com o confinamento de bilhões de pessoas pelo mundo, saldo crescente de vítimas e previsão de pico da pandemia em abril

Escrito por Redação ,
Legenda: Mercado de peixes e mariscos de Wuhan foi fechado após surgimento de casos de doença misteriosa
Foto: Foto: AFP

Há exatos três meses, no último dia de 2019, a China alertava, oficialmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre casos de uma pneumonia de causa desconhecida na cidade de Wuhan, região central do seu território. Era o novo coronavírus Sars-Cov-2, causador da doença Covid-19, que se tornou um pesadelo global, responsável por colocar quase 43% da humanidade em confinamento, paralisando o sistema econômico e social, em uma crise que só tem precedentes na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Até a segunda-feira (30), a contagem da OMS apontava para mais de 33 mil mortes, com quase 700 mil infectados em 202 países, áreas e territórios.

Em meio ao temor de uma forte recessão da economia mundial, com ondas de desemprego em massa, os governos dos países anunciam planos de socorro às empresas. Já os cientistas correm para apresentar vacinas e tratamentos.

Nesta segunda-feira, a empresa farmacêutica Johnson & Johnson anunciou que fará em setembro testes clínicos em humanos de uma vacina que poderia estar pronta para ser usada em caráter de urgência antes do começo de 2021.

O grupo informou que assinou um acordo com a Autoridade para a Pesquisa Avançada e o Desenvolvimento no domínio bioético, que depende do governo americano, para investir US$ 1 bilhão com este objetivo. A J&J começou a trabalhar em janeiro sobre a vacina experimental Ad26 SARS-CoV-2, empregando a mesma tecnologia usada para desenvolver a vacina-candidata contra o vírus do ebola. Esta tecnologia utiliza uma versão desativada do vírus para tentar provocar uma resposta imunológica em humanos.

A empresa disse estar ampliando sua capacidade mundial de fabricação nos EUA e em outros países para poder distribuir mais de mil doses de vacina em todo o mundo.

A companhia farmacêutica americana Moderna também está realizando testes clínicos de uma vacina, assim como o grupo chinês CanSinoBIO. Ainda não existe uma vacina ou um tratamento homologados contra a Covid-19. Vários tratamentos estão sendo analisados, como o antiviral remdesivir, a cloroquina, empregada contra a malária, e seu derivado, a hidroxicloroquina, mas não se provou sua eficácia.

Novo epicentro

Enquanto a imunização não chega, a pandemia mudou seu epicentro da China para os EUA, o que levou o presidente Donald Trump a estender as recomendações de confinamento até o fim de abril.

Trump alertou que a taxa de mortalidade nos EUA aumentará nas próximas duas semanas, classificando como "terríveis" as estimativas do principal cientista da pandemia, Anthony Fauci, de que "milhões" de americanos serão infectados pelo vírus e até 200 mil vão morrer.

A cidade de Nova York, com mais de 33 mil casos de coronavírus e 790 mortes, está correndo contra o relógio para aumentar leitos hospitalares e pessoal antes de atingir o pico da doença. "Este vírus está à nossa frente desde o primeiro dia", disse o governador de Nova York, Andrew Cuomo.

Ele estimou que, em duas a quatro semanas, a cidade atingirá seu número máximo de casos. "Preparem-se para o ápice. Tenha os materiais para o ápice. É quando o sistema entrará em colapso", alertou.

Os EUA são o país com os casos mais confirmados da doença, acima de 153.000, com mais de 2.800 mortes, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins. Dessas mortes, 1.218 ocorreram no estado de Nova York. Virgínia e Maryland, vizinhos da capital Washington, se tornaram os últimos estados do país ontem a restringir o movimento de seus moradores. Agora, três quartos da população dos EUA, com mais de 330 milhões de pessoas, está sob alguma forma de quarentena.

 

A trajetória de um vírus letal

Principais datas da história do novo coronavírus, que provocou uma crise mundial de saúde pública, com saldo de mortes comparável a uma guerra

31/12/2019 
A China alerta a OMS casos de pneumonia misteriosa na cidade de Wuhan

11/01/2020
Autoridades chinesas anunciam a primeira morte de paciente com o vírus

13/01
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21/01
EUA detectam 1º caso, um dia após se confirmar a transmissão entre humanos

23/01
OMS reconhece "emergência na China"; Wuhan suspende viagens e se isola

26/01
Governo chinês suspende as viagens entre suas cidades e para o exterior

30/01
OMS declara uma "emergência de saúde pública de alcance internacional"

3/02
OMS anuncia o registro nas Filipinas do primeiro morto fora da China

4/02
Em Wuhan, hospital construído em 10 dias recebe os primeiros pacientes

5/02
Passageiros são confinadoses em dois navios de cruzeiro perto de Tóquio

7/02
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21/02
Na Itália, morre idoso de 78 anos, primeiro europeu vítima da doença

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Ministério da Saúde confirma 1º caso; o homem de 61 anos veio da Itália

11/03
OMS declara pandemia do novo coronavírus após mais de 110 mil infectados

15/03
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