Sul-coreanos viajam à CN para reencontrar familiares

Escrito por Redação ,
Legenda: Lee Keum-seom (esq.), 92, encontra seu filho Ri Sung Chol (dir.), 71, durante reunião de famílias separadas
Foto: Foto: AFP

Sokcho/Kosong. Dezenas de idosos sul-coreanos entraram, ontem, na Coreia do Norte para reunir-se com parentes pela primeira vez desde a península e suas famílias foram separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953).

Até amanhã, os participantes passarão 11 horas com os familiares do Norte na localidade turística de Monte Kumgang, em Kosong, sob a supervisão de agentes norte-coreanos.

Esta nova série de reuniões de famílias divididas, a primeira em três anos, foi decidida após a distensão registrada na península desde o início do ano.

A Guerra da Coreia separou milhões de pessoas: irmãos, pais e filhos, maridos e mulheres. O conflito acabou com um armistício, sem a assinatura de um tratado de paz, pelo qual Norte e Sul ainda estão tecnicamente em estado de guerra, e as comunicações civis estão proibidas.

Os 89 idosos sul-coreanos e seus companheiros de viagem deixaram a cidade portuária de Sokcho (nordeste da Coreia do Sul) em 14 carros.

O comboio seguiu para a Zona Desmilitarizada, acompanhado por uma escolta policial e por vários médicos. Entre os participantes está Lee Keum-seom, de 92 anos, que não vê o filho, agora com 71 anos, desde a guerra.

Durante a fuga, ela perdeu seu marido e seu filho de quatro anos. Partiu em uma balsa para o Sul com sua filha.

"Não sei o que sinto, se é positivo, ou negativo", disse Lee.

"Não sei se é real, ou um sonho", completou. No Sul, ela voltou a se casar e criou sete crianças, mas nunca deixou de se preocupar com aquele filho.

"Onde viveu? Com quem? Quem o educou? Tinha apenas quatro anos", relembra.

Cancelamento

Desde 2000, os dois países organizaram 20 séries de reuniões de famílias divididas, geralmente graças à melhoria das relações bilaterais. Mas o tempo está contado, devido à idade dos sobreviventes. Um total de 130 mil sul-coreanos se apresentou como candidatos a essas reuniões, mas a grande maioria morreu, e muitos estão com mais de 80 anos, um deles, inclusive, com 101.

No último momento, alguns cancelaram a viagem por motivos de saúde.