Protestos contra aumento do custo de vida ganham força no Chile

Governo do conservador Sebastián Piñera decreta toque de recolher, em meio à destruição de patrimônio e saques durante uma onda de manifestações de ruas e embates com as forças de segurança na capital Santiago

Escrito por Redação , mundo@verdesmares.com.br
Legenda: Santiago enfrenta três dias de manifestações violentas e saques
Foto: Foto: AFP

O Chile vive uma onda de protestos violentos desde sexta. Os manifestantes questionavam a alta da tarifa do metrô de Santiago (suspenso no sábado), além de apresentarem outras demandas. Várias estações foram destruídas e houve saques a supermercados. Ontem, o governo conservador do presidente Sebastián Piñera informou que 11 pessoas morreram em protestos e incêndios. Foram três vítimas no sábado (19) e oito no domingo. E cerca de 1.500 pessoas foram detidas.

Os distúrbios na capital chilena já provocam transtornos para visitantes. Companhias aéreas cancelaram voos com origem ou destino no aeroporto de Santiago, diante da radicalização dos protestos.

Legenda: Manifestação contra as desigualdades no país resulta em violência
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Devido aos toques de recolher na capital chilena, o grupo Latam Airlines cancelou 124 voos e reprogramou outros quatro. Segundo site da Latam, a empresa deixou de operar 3 voos entre Santiago e o Aeroporto de Galeão (RJ) e, ontem, 21 não decolarão dois voos entre a capital chilena e o Aeroporto de Guarulhos (SP).

A chilena low cost Sky Airline, que estreou no Brasil no ano passado, cancelou dois voos entre o Rio e Santiago e, de acordo com seu site, dois voos entre a capital chilena e São Paulo tiveram alteração nos horários. Já a Gol informou que, devido às greves chilenas, alguns de seus voos podem sofrer alterações nos horários de embarque e desembarque. As aéreas afirmam que têm informado todos os passageiros sobre as mudanças nos voos e estão orientando-os a conferir seus canais de comunicação, como site e redes sociais, que estão sendo atualizados continuamente.

Impacto

O clima de crise social começou a afugentar investidores. Ontem, a Bolsa de Santiago caiu 4,61% e o peso chileno perdeu 2,06% de seu valor, primeiro dia de operações após o início dos protestos.

A falta do metrô - eixo do transporte público, que transporta 3 milhões de passageiros por dia - é o que mais causa estranhamento nesta cidade de quase sete milhões de habitantes, agora obrigados a fazer longas filas para pegar ônibus ou para ter acesso às poucas estações que abriram.

Se o estopim do conflito foi o aumento da tarifa do metrô, com o correr das horas os protestos ecoaram outras reivindicações em uma sociedade que há anos vive um descontentamento com um modelo econômico em que o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com alta desigualdade social, baixas pensões e carestia dos serviços básicos.

O governo pediu calma, mas Piñera, que até poucos dias atrás se referia ao seu país como um oásis de tranquilidade, afirmou que o Chile estava "em guerra contra um inimigo poderoso".

Brasil vê distúrbio com preocupação

O presidente Jair Bolsonaro manifestou preocupação, ontem, com a escalada da crise política no Chile. Ele disse ser grato ao presidente Sebastian Piñera.

Ele lembrou que a autoridade chilena o ajudou durante a reunião do G7, em agosto, quando ele ajudou a mediar uma crise diplomática entre Brasil e França após as queimadas na Amazônia. O presidente não quis responder, no entanto, se entrará em contato com Piñera ou se é contra o movimento popular no país vizinho.