Para autor de livro sobre EUA, mulher de Obama pode disputar Casa Branca

Eduardo Diogo, cearense que viveu em Washington, analisa o cenário político após Trump perder controle da Câmara

Escrito por Sérgio Ripardo ,
Legenda: Michelle Obama, sob os holofotes por lançar autobiografia, tem negado a intenção de concorrer em 2020
Foto: AFP

O Partido Democrata, que faz oposição ao presidente norte-americano Donald Trump, sofreu um envelhecimento precoce e terá de apresentar novas lideranças para a disputa presidencial de 2020, quando o republicano tentará a reeleição.

A avaliação é do ex-secretário de Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Ceará, o advogado Eduardo Diogo, que viveu quase três anos e meio (janeiro de 2016 a maio de 2018) em Washington, respirando o clima da política da maior economia do mundo.

Hoje, a partir das 18h30, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), ele lança o livro "Muda Brasil", um estudo sobre a disputa presidencial de 2016, que consagrou Trump em uma surpreendente virada contra a democrata Hillary Clinton. Adaptada do livro "It was about hope", publicada por Diogo em solo americano, a versão brasileira aborda os pilares da fundação e os princípios eleitorais dos EUA, além de apresentar propostas para o Brasil pós- eleições.

Para Diogo, um dos fatores da derrota do partido do ex-presidente Barack Obama em 2016 foi a escassez de novos líderes. A insistência no nome de Hillary Clinton, como candidata do sistema, contrariava o desejo da base dos democratas, principalmente entre os jovens, de indicar o veterano Bernie Sanders para a disputa contra Trump.

Na avaliação de Diogo, uma das apostas do Partido Democrata em 2020 pode ser Michelle Obama, ex-primeira-dama.

Nas últimas semanas, ela tem divulgado sua autobiografia ("Becoming", "Minha História", em português) . Nas entrevistas de divulgação, ela nega a intenção de se candidatar em 2020.

"Não acredito nas negativas dela", comenta Diogo, acrescentando também como possíveis pré-candidatos dos democratas Hillary, Sanders, Joe Biden e Nancy Pelosi.

Congresso

Nas eleições de meio de mandato, realizadas no começo do mês, Trump perdeu o controle da Câmara, mas continua dando as cartas no Senado, onde ampliou sua maioria.

Para Diogo, a perda da maioria dos deputados vai deixar a Casa Branca sob um constante gerenciamento de crises. Ele cita, por exemplo, a disposição da deputada democrata Maxine Waters (Califórnia), que vai presidir comissões importantes nos próximos dois anos. "Ela vai trazer todo tipo de problema para Trump e Wall Street", analisa o ex-secretário da gestão de Cid Gomes.

O desempenho de Trump interessa aos brasileiros neste momento devido à tendência de o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) ter um alinhamento ideológico com os rumos e as decisões da Casa Branca.

"Um alinhamento com o governo americano é extremamente benéfico para a gente devido ao poderio econômico e militar dos EUA", observa.

Diogo se diz otimista com o futuro governo brasileiro.

"É um momento de virada de página do Brasil. É importante para o País ter uma experiência de um governo de direita. A obrigação de todo cidadão brasileiro é dar uma chance ao presidente eleito", defende.