Venezuela: quatro manifestantes morrem desde início de protestos

Desde terça-feira, país caribenho sofre turbulência política com tentativa de deposição de Nicolás Maduro

Escrito por AFP ,
Legenda: Confrontos entre manifestantes e as forças do regime de Nicolás Maduro, iniciados na terça-feira, resultam em quatro mortes
Foto: AFP

Dois menores baleados nos protestos de terça e quarta-feira contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, morreram nesta quinta-feira (2), elevando para quatro o número de óbitos, segundo familiares e líderes da oposição.

As vítimas são Yosner Graterol, de 16 anos, ferido na última terça-feira na cidade de La Victoria (norte), e Yoifre Hernández, de 14, atingido na quarta-feira em Caracas, disseram os deputados Karin Salanova e Miguel Pizarro, que culparam o governo.

"Morre o adolescente Yosner Graterol, de 16 anos. Ferido a bala em 30 de abril quando exercia seu direito de protesto", tuitou Salanova.

Legenda: Blindados das forças leais a Maduro avançaram em direção de grupo de manifestantes, em Caracas
Foto: AFP

A terça-feira foi marcada por manifestações em várias regiões do país em apoio à rebelião contra Maduro protagonizada por um reduzido grupo de militares liderado pelo opositor Juan Guaidó.

Sem apoio das Forças Armadas, a rebelião em frente à base militar de La Carlota, em Caracas, fracassou.

Já José Hernández confirmou a morte de seu filho Yoifre, baleado nas imediações de La Carlota. Ontem, nesse local, também houve confrontos que deixaram dezenas de feridos, segundo serviços de saúde e organizações de direitos humanos.

Legenda: Mais de 200 prisões já foram efetuadas desde o início das turbulências na última terça-feira
Foto: AFP

A morte dos menores se soma à de Samuel Méndez, de 24, na terça, e à de Jurubith Rausseo, de 27, na quarta, segundo o Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais.

"Yosner e Yoifre são dois menores de idade que foram assassinados por este regime. Ambos morreram depois de serem feridos a tiros durante manifestações", afirmou o deputado Miguel Pizarro, no Twitter.

Os enfrentamentos de quarta-feira tiveram início quando uma multidão, em ato convocado por Guaidó, desviou-se para La Carlota. Os distúrbios continuaram nos arredores durante várias horas. A ONG Fórum Penal relata pelo menos 205 detenções, no âmbito dos protestos desta semana.

Legenda: Jornalista fica feriado em meio ao embate entre a oposição e o regime de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas
Foto: AFP

Legenda: Jornalista fica feriado em meio ao embate entre a oposição e o regime de Nicolás Maduro nas ruas de Caracas
Foto: AFP

Maduro pediu nesta quinta-feira às Forças Armadas que lutem contra "qualquer golpista", após uma insurreição militar fracassada liderada por Guaidó

"Sim, estamos em combate, moral máxima nessa luta para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista", disse Maduro em ato com milhares de soldados, transmitidos pela televisão, em que o alto-comando militar reiterou sua lealdade. 

Repetindo o slogan "sempre leal, traidores nunca", o presidente assinalou que não deve haver medo frente a obrigação de desarmar as conspirações da oposição e os Estados Unidos. 

"Ninguém pode ter medo, é hora de defender o direito à paz", disse ele na cerimônia em que - segundo o governo - 4.500 soldados estavam presentes a chamado de Maduro vem após o levante na terça-feira por um pequeno grupo de soldados sob a liderança de Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países. 

"A hora de lutar chegou, chegou o momento de dar um exemplo para a história e para o mundo e dizer que na Venezuela há uma Força Armada leal, coesa, unida como nunca antes derrotando tentativas de golpe de traidores que se venderam aos dólares de Washington", enfatizou Maduro.