Veja o que se sabe sobre os pacotes enviados a políticos e CNN nos EUA

Críticos do governo Trump recebem pacotes suspeitos

Escrito por AFP ,

O FBI (a Polícia Federal dos Estados Unidos) disse nesta quarta-feira (24) que investiga pacotes suspeitos com "dispositivos potencialmente destrutivos", dirigidos sobretudo a proeminentes figuras políticas do Partido Democrata, alvos usuais das críticas do presidente Donald Trump. 

Veja a seguir o que se sabe: 

Como são os pacotes e quando foram detectados? 

Entre segunda e terça-feira foram interceptados em Nova York, Washington DC e Flórida pacotes enviados por correio em envelopes pardos com interior de plástico-bolha, etiquetas de endereço impressas em computador e seis selos com a bandeira americana.

Todos tinham o mesmo remetente: DEBBIE WASSERMAN SCHULTZ, legisladora democrata pela Flórida e ex-presidente do Comitê Nacional Democrata.

 Quem são os destinatários? 

Os cinco destinatários confirmados pelo FBI são:

GEORGE SOROS: o pacote dirigido ao bilionário, filantropo e apoiador do Partido Democrata foi descoberto na segunda-feira na caixa de correio de sua residência em Nova York. 

HILLARY CLINTON: o dispositivo para a ex-candidata democrata à Presidência, ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama foi interceptado na terça-feira em sua casa ao norte de Manhattan, que compartilha com seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, e que fica perto da residência de Soros.

BARACK OBAMA: o artefato destinado ao ex-presidente foi detectado nesta quarta-feira em sua casa de Washington DC.

JOHN BRENNAN: o pacote para o ex-diretor da CIA foi encontrado nesta quarta-feira nos escritórios da CNN de Nova York, onde colabora habitualmente como analista. 

ERIC HOLDER: o envelope para o ex-procurador-geral de Obama foi detectado nesta quarta, mas não no endereço ao qual estava dirigido, e sim no de Wasserman Schultz na Flórida.

Além deles, MAXINE WATERS, legisladora democrata pela Califórnia, revelou nesta quarta-feira ser destinatária de outro destes pacotes, mas o FBI não confirmou estar investigando-o no âmbito deste caso.

O que os pacotes continham?

Os pacotes continham, segundo relatos e a divulgação de uma fotografia, pequenas bombas caseiras, mas potencialmente letais: um tubo metálico cheio de material explosivo e estilhaços, hermeticamente selado nas extremidades e detonado por um fusível colocado através de uma agulha. 

O comissário da polícia de Nova York, James O'Neill, descreveu o que foi enviado a Brennan na CNN como um "dispositivo explosivo vivo". 

O'Neill declarou que o pacote também continha um envelope com um pó branco não identificado. 

No caso dos pacotes enviados a Clinton e Obama, o Serviço Secreto dos Estados Unidos assinalou que foram identificados em procedimentos rotineiros de revisão de correspondência que realiza em instalações separadas das residências dos seus protegidos.

Os destinatários "não receberam os pacotes nem corriam o risco de recebê-los", afirmou em um comunicado. 

Quem os enviou?

Até o momento não foram identificados suspeitos. O FBI disse que já havia enviado os pacotes ao seu laboratório em Quantico, na Virgínia, para ser analisado. 

"É possível que tenham sido enviados pacotes adicionais para outras localidades", advertiu o FBI.

O que os destinatários têm em comum?

Os destinatários são todos democratas atacados frequentemente por Trump no Twitter e em discursos nos quais defende a sua vitória eleitoral de 2016, e as políticas que implementou desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2017. 

Obama o precedeu na Casa Branca e Hillary foi a sua adversária nas eleições de 2016. Holder foi procurador-geral nos últimos anos do governo de Barack Obama. 

Trump qualificou a CNN como o principal provedor das "fake news" contra ele, e Brennan talvez seja o seu crítico mais ferrenho na comunidade de Segurança Nacional. 

Muitas vezes Trump ridiculariza Waters, uma democrata de alto escalão, como tendo um "baixo quociente de inteligência" e ataca regularmente Wasserman Schultz.

No início de outubro, Soros foi acusado por Trump de ter pago a manifestantes para protestar contra a recente indicação à Suprema Corte do juiz Brett Kavanaugh, acusado de tentativa de estupro quando estava no Ensino Médio.