Vantagem de Boris cai, e Reino Unido pode ter novo impasse

Foi a falta de uma maioria clara que aprovasse seu acordo para o brexit que levou Boris a antecipar a eleição, antes marcada para 2022

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Com a margem de erro, Boris pode eleger de 311 a 367 representantes, o que não afasta a possibilidade de que o primeiro-ministro assegure maioria
Foto: AFP

A oposição avançou na tentativa para impedir que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, assegure maioria nas cadeiras do Parlamento na eleição desta quinta (12). Pesquisa do instituto YouGov projeta que a vantagem do Partido Conservador caiu de de 68 para 28 deputados à véspera da eleição, o que pode levar a novo impasse no Legislativo britânico.

Foi a falta de uma maioria clara que aprovasse seu acordo para o brexit que levou Boris a antecipar a eleição, antes marcada para 2022.

Feita a partir 105.612 entrevistas de 4 a 10 de dezembro, a pesquisa do YouGov é considerada mais precisa, porque consegue estimar o número de eleitos e não apenas a intenção de voto do partido (no sistema britânico, é eleito o deputado mais votado em cada distrito).

O instituto previu corretamente os resultados das eleições de 2017, convocadas pela então primeira-ministra Theresa May também para tentar resolver um impasse no Parlamento. Na ocasião, os Conservadores passaram de 330 para 317 cadeiras. São necessárias 326 para a maioria.

Na nova pesquisa, que adota técnicas estatísticas mais precisas que as de dois anos atrás, os conservadores ficam com 339 cadeiras, os trabalhistas com 231, os nacionalistas escoceses com 41 e os liberais democratas, com 15.

Com a margem de erro, Boris pode eleger de 311 a 367 representantes, o que não afasta a possibilidade de que o primeiro-ministro assegure maioria. Dependendo do número de votos que obtiver, ele pode até mesmo ter que renunciar, o que o tornaria o mais breve primeiro-ministro da história do país (Boris assumiu em julho deste ano).

Se vencer as eleições, ele terá pouco mais de um mês para formar o governo e aprovar seu acordo para o brexit no Parlamento antes da data prometida, 31 de janeiro.

Os conservadores avançaram em regiões do centro e do norte da Inglaterra, onde até 70% dos britânicos votaram pelo brexit no referendo de 2016, mas perderam terreno para os trabalhistas no sul do país e em Londres.

A oposição têm travado batalhas principalmente nos distritos chamados "marginais" (em que conservadores lideram por poucos votos) e cresceram os apelos pelo voto útil.

A pesquisa mostra recuos também na Escócia, onde forte campanha dos nacionalistas (SNP) pode conquistar cinco cadeiras que eram antes conservadoras. Os escoceses são majoritariamente a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia e o SNP prometeu novo referendo sobre a independência escocesa se Boris conseguir implantar o brexit.

Segundo o diretor de pesquisas eleitorais do YouGov, Anthony Wells, os levantamentos da última quinzena mostraram um recuo progressivo tanto no número de cadeiras dos conservadores quanto em sua margem de liderança sobre a oposição.