UE destina 5 milhões de euros para ajuda humanitária na Venezuela

A ajuda humanitária inclui a prestação de cuidados de saúde de emergência, educação, acesso a água potável e saneamento

Escrito por AFP ,

A Comissão Europeia anunciou nesta terça-feira (5) uma ajuda de 5 milhões de euros a mais para enfrentar a crise na Venezuela, o que eleva a ajuda humanitária para o país em 39 milhões de euros desde 2018 - informou o comissário europeu de Ajuda Humanitária, Christos Stylianides. "Aumentamos nossa ajuda de emergência para os mais vulneráveis que não têm acesso a alimentos, remédios e serviços básicos, e que se viram obrigados a deixar suas casas", declarou Stylianides.

A ajuda humanitária inclui a prestação de cuidados de saúde de emergência, educação, acesso a água potável e saneamento, bem como as necessidades de proteção, abrigo, alimentação e nutrição, disse a Comissão.

Bruxelas, que geralmente envia sua ajuda para a Venezuela por meio de organizações internacionais, também anunciou sua intenção de abrir um escritório humanitário em Caracas. Este escritório ficaria na delegação da UE na capital venezuelana e estaria protegido pela Convenção de Viena, explicaram fontes comunitárias, acrescentando que devem informar à Chancelaria venezuelana apenas se chegar um novo pessoal.

Desde 2018, a UE destinou 62 milhões de euros entre ajuda humanitária e ajuda para o desenvolvimento, tanto para a Venezuela quanto para os países vizinhos.

Em declarações nesta terça, o presidente da Cruz Vermelha venezuelana, Mario Villarroel, disse que a organização está disposta a colaborar na distribuição de ajuda internacional em alimentos, remédios e outros insumos médicos, quando chegarem ao país.

Villarroel esclareceu que a instituição não pode participar, porém, do processo de entrada da ajuda, administrada pelo opositor Juan Guaidó, líder parlamentar reconhecido por cerca de 40 países como presidente interino.

"A Cruz Vermelha venezuelana vai atuar, à medida que lhe for solicitado e que entrar a ajuda humanitária, na preparação e na distribuição da ajuda", porque "é nosso dever e estamos capacitados para isso", afirmou. "Mas não vamos participar do ingresso dessa ajuda ao país. Não é nossa função", ressaltou.

Villarroel insistiu em que a Cruz Vermelha prestará "apoio aos setores mais vulneráveis (...) sob os princípios de neutralidade, imparcialidade e independência".

A ajuda humanitária é rejeitada pelo governo Maduro, por considerá-la o primeiro passo para uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos.

Papa oferece mediação
Também nesta terça-feira, o papa Francisco afirmou que uma eventual mediação do Vaticano na Venezuela precisa da concordância de ambas as partes - governo e oposição.

"As condições iniciais são que as duas partes peçam" esta mediação, declarou o papa à imprensa, no avião que o levava de volta para Roma, após uma passagem pelos Emirados Árabes Unidos. "Aproximar-se de um e de outro para abrir possibilidades de diálogo. Assim funciona a diplomacia", explicou o papa.

Francisco disse ter recebido uma carta do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mas ainda não leu seu conteúdo.

"Ainda não li esta carta (de Maduro). E veremos o que se pode fazer", acrescentou o sumo pontífice.

Ele insistiu em que é necessária a aprovação de ambas as partes - "é esse o segredo" - e lembrou que, no Vaticano, "sempre estamos disponíveis".

O opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela no final de janeiro, fez da ajuda humanitária seu novo desafio a Maduro.

A Venezuela vive este conflito político em meio à pior crise econômica de sua história moderna, que provocou o êxodo de mais de 2,3 milhões de pessoas desde 2015, segundo a ONU.