UE acorda nova missão para controlar entrada de armas na Líbia

A Líbia está mergulhada no caos desde que uma revolta apoiada pela Otan conduziu em 2011 à derrubada e ao assassinato do ditador Muammar Khadafi. Atualmente, duas autoridades rivais e grupos armados disputam o controle do país

Escrito por AFP ,
Legenda: A nova missão aprovada pelos europeus contará com "um componente naval", de acordo com o chanceler alemão Heiko Maas
Foto: AFP

Os países da União Europeia (UE) chegaram a um acordo nesta segunda-feira (17) sobre uma nova missão para controlar a entrada de armas à Líbia, a fim de substituir a operação Sophia, ativada em 2015 pela crise migratória. Representantes de Estado demonstraram satisfação com o resultado. “Estou muito feliz. Sophia está encerrada”, declarou o ministro austríaco, Alexander Schallengerg.

A missão nasceu em 2015 para combater os traficantes de migrantes. No entanto, desde 2019, opera sem barcos e com um reforço de meios aéreos em razão da oposição do governo italiano anterior em receber migrantes resgatados no mar.

Ao longo dos anos, os europeus acrescentaram novas funções à operação, que passou a treinar a Guarda Costeira da Líbia e controlar o tráfico ilegal de petróleo e a aplicação do embargo de armas imposto pela ONU à Líbia.

O chanceler alemão, Heiko Mass, afirmou que esta “nova missão terá um componente naval”. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, havia descartado um eventual acordo em sua chegada à reunião de chancelers em Bruxelas, dada a posição de alguns países para dar novo impulso à operação naval Sophia.

Luigi Di Mario, chanceler da Itália, explicou que a UE enviará barcos para a zona leste da Líbia para impedir o tráfico de armas. “Mas se essa missão causar um afluxo de embarcações de migrantes, iremos parar”, destacou.

Viena e Budapeste temem que o retorno da mobilização de embarcações faça com que os migrantes voltem a tentar a perigosa travessia do Mar Mediterrâneo, mesmo que as áreas de operações para controlar o embargo não sejam necessariamente as mesmas que as das rotas migratórias.

Instabilidade na Líbia

A Líbia está mergulhada no caos desde que uma revolta apoiada pela Otan conduziu em 2011 à derrubada e ao assassinato do ditador Muammar Khadafi. Atualmente, duas autoridades rivais e grupos armados disputam o controle do país.

Desde abril de 2019, o Governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela ONU, enfrenta a ofensiva do marechal Khalifa Haftar, que tem o apoio da Rússia, Egito e Emirados Árabes Unidos, para assumir a capital do país, Trípoli.

Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, pela primeira vez desde abril, quando começou a ofensiva de Haftar contra Trípoli, uma resolução pedindo um "cessar-fogo duradouro", após a trégua declarada em janeiro.

A resolução pede para que continuem as negociações da comissão militar conjunta criada em janeiro. Este painel reúne os dois lados, com o objetivo de chegar a um "cessar-fogo permanente" que inclua um mecanismo de controle, uma separação de forças e medidas de confiança.

A situação na Líbia pode levar mais residentes e deixar o país em caso de deterioração, alertou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na quinta-feira. Em 2019, a violência levou 177.000 pessoas a deixar suas casas.