Teerã nega 'alegações delirantes' sobre drone destruído

Após Trump anunciar que aparelho iraniano foi derrubado pela marinha americana, Irã alega que os EUA abateram um de seus próprios drones por engano

Escrito por AFP ,
Legenda: De acordo com Trump, o navio USS Boxer abateu a aeronave não tripulada que estava a quase um quilômetro de distância da embarcação
Foto: AFP

O Irã negou, categoricamente, nesta sexta-feira (19), as declarações do presidente Donald Trump de que um navio americano teria "destruído" um drone iraniano e disse, com ironia, que Washington pode ter abatido um de seus próprios aparelhos "por erro".

O presidente dos Estados Unidos afirmou ontem que o navio "USS Boxer" havia destruído, no Estreito de Ormuz, um drone iraniano que se aproximava "perigosamente" da embarcação americana.

"Alegações delirantes e sem fundamento", reagiu hoje o general de brigada e porta-voz das Forças Armadas iranianas Abdolfazl Shekarchi, citado pela agência de notícias Tasnim.

"Todos os drones no Golfo Pérsico e no Estreito de Ormuz, incluindo aqueles que o presidente dos EUA pensa ter derrubado, retornaram para sua base ontem", acrescentou o oficial.

"Tenho medo de que o 'USS Boxer' tenha abatido um de seus próprios drones por engano", tuitou o vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi.

"Não há relato sobre um confronto com o USS Boxer", acrescentou o funcionário, referindo-se ao navio anfíbio americano que, segundo Trump, teria destruído o drone iraniano ontem.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse hoje (19) que não há dúvida sobre a derrubada do drone. 

"Não há dúvida sobre isso, o abatemos", disse Trump no Salão Oval, onde seu assessor de Segurança Nacional, John Bolton, acrescentou que "não há dúvida de que se tratava de um drone iraniano". 

Um funcionário do governo americano afirmou, na condição de anonimato, os Estados Unidos têm "provas claras" da destruição de um drone iraniano. 

"Temos provas muito claras", disse o funcionário na condição de não revelar sua identidade, apontando um possível vídeo. "Seu drone se aproximou demais do nosso barco. Se os drones se aproximarem muito, os derrubaremos", acrescentou. 

Pouco após a declaração, a Guarda Revolucionária iraniana anunciou ter "confiscado" um petroleiro britânico, o "Stena Impero", no estreito de Ormuz.

A embarcação foi abordada pela força naval dos Guardiães da Revolução por "não respeitar o código marítimo internacional", "a pedido da autoridade portuária e marítima da província de Hormozgan", indica um comunicado do Sepahnews, portal na Internet da Guarda Revolucionária.

O "Stena Impero" foi conduzido "à costa depois de sua captura e entregue à autoridade para o procedimento legal e a investigação", acrescentaram os Guardiães, o exército ideológico da República Islâmica, neste breve comunicado.

Na ONU, o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, disse não ter informações sobre a perda de qualquer drone.

O presidente americano relatou que o "Boxer" empreendeu "uma ação defensiva" contra um drone iraniano que se aproximava de forma perigosa, após ter ignorado os múltiplos alertas para se afastar da embarcação dos EUA.

Segundo Trump, o drone iraniano se aproximou um pouco menos de 1 quilômetro de distância do navio anfíbio "USS Boxer". Por esse motivo, o equipamento "foi destruído imediatamente".

O Pentágono registrou um incidente ocorrido "às 10h locais (2h30 em Brasília)", na quinta-feira, entre o "Boxer" e um drone que "se aproximou a uma distância ameaçadora". Não foi especificado de qual país seria o aparelho.

Em um comunicado, os Guardiães da Revolução iraniana, o Exército ideológico da República Islâmica, disseram que vão publicar "em breve" fotos do "Boxer" tiradas por um de seus drones.

O equipamento transmitiu as imagens para sua base "antes e depois da hora que os americanos afirmam" tê-lo destruído, completa o comunicado.

"Os Estados Unidos se reservam o direito de defender seu pessoal, seus equipamentos e seus interesses", declarou Trump, ontem, pedindo mais uma vez "aos demais países que protejam seus navios que passam pelo Estreito e que cooperem conosco no futuro".

Washington acusou o Irã de uma série de atos de sabotagem, ou de ataques no Estreito de Ormuz, no Golfo, ou no mar de Omã. Teerã nega.