Quinze integrantes do EI morrem em confronto no Tadjiquistão

O ataque aconteceu na data em que o país celebra o Dia da Constituição e no momento em que o presidente Emomali Rakhmon, que governa o país com mão de ferro desde 1992, está na Suíça, parte de uma viagem pela Europa

Escrito por AFP ,

Quinze membros do grupo extremista Estado Islâmico (EI) procedentes do Afeganistão morreram nesta quarta-feira durante um ataque no Tadjiquistão, anunciou o governo do país da Ásia Central, cenário frequentes de atentados jihadistas.

O ataque aconteceu às 3H23 (19H23 de Brasília, terça-feira) perto da fronteira com o Uzbequistão, a 50 km da capital tadjique, Dushanbe, informou o ministério do Interior. "As tropas tadjiques responderam e 15 membros do grupo armado foram neutralizados e outros quatro detidos", afirmou o ministério. Além dos 15 extremistas, também morreram um soldado da unidade de fronteira e um policial.

"A investigação e o interrogatório das pessoas detidas estabeleceram que o grupo armado havia entrado ilegalmente no Tadjiquistão a partir da República Islâmica do Afeganistão em 3 de novembro", afirma um comunicado da unidade de fronteiras. "Os agressores são todos membros do grupo Estado Islâmico", completou.

Entre os dias 3 e 6 de novembro, o grupo percorreu uma distância de 200 km antes de executar o ataque. Quatro veículos dos extremistas foram destruídos. O ministério do Interior divulgou fotos de carros e corpos queimados e ensanguentados.

O ataque aconteceu na data em que o país celebra o Dia da Constituição e no momento em que o presidente Emomali Rakhmon, que governa o país com mão de ferro desde 1992, está na Suíça, parte de uma viagem pela Europa.

O Tadjiquistão conquistou a independência em 1991, após a dissolução da União Soviética, e desde então enfrentou diversos movimentos armados islamistas ou jihadistas. O país, muito pobres, tem fronteira com o Afeganistão e a sua população é majoritariamente sunita.

Entre 1992 e 1997 sofreu com uma guerra civil entre o governo comunista e fundamentalistas muçulmanos, um conflito que deixou mais de 100.000 mortos. Nos últimos 18 meses o país sofreu três atentados violentos do Estado Islâmico.

Em novembro de 2018 e maio de 2019 os extremistas iniciaram revoltas nas prisões que deixaram 26 e 32 mortos, respectivamente. Em julho do ano passado, quatro turistas ocidentais morreram em um ataque do EI.

A guerra sem fim do Afeganistão provoca diversos confrontos armados na Ásia Central. Tadjiquistão, Quirguistão, Cazaquistão, Turcomenistão e  Uzbequistão sofrem a ameaça do islamismo radical. No Tadjiquistão a fragilidade da economia, a corrupção endêmica e a falta de democracia são um terreno fértil para o islamismo radical.

Em 2015, o ex-comandante das forças especiais do país aderiu ao grupo Estado Islâmico. De acordo com as forças de segurança da Rússia, entre 2.000 e 4.000 combatentes do EI e da Al-Qaeda presentes na Síria e Iraque eram procedentes da Ásia Central.

O governo do Tadjiquistão informou que mais de 1.000 cidadãos do país combateram ao lado dos extremistas no Iraque e na Síria desde 2011. Nos últimos quatro anos, as autoridades tadjiques adotaram medidas para reduzir a influência dos islamitas, incluindo a obrigação de fazer a barba e uma campanha contra o 'hijab', o véu utilizado pelas mulheres muçulmanas.