Procurador isenta Trump e familiares de conluio com Rússia

Robert Mueller enviou seu relatório sobre as investigações de interferência russa na campanha presidencial dos EUA

Escrito por AFP ,
Legenda: Robert Mueller é o encarregado da investigação de um possível conluio entre a equipe de campanha de Trump e Moscou
Foto: AFP

O procurador especial Robert Mueller não recomendou novas denúncias com base na investigação sobre a interferência russa na campanha presidencial dos Estados Unidos em 2016, isentando o presidente Donald Trump e seus familiares, revela a imprensa americana nesta sexta-feira, após o envio do relatório ao procurador-geral, William Barr.

Um alto funcionário do departamento de Justiça disse à imprensa que após denunciar 34 pessoas, incluindo seis ex-associados de Trump, a equipe de Mueller não prevê novas denúncias.

Segundo o funcionário, não há indícios de que Trump ou membros de sua família estejam envolvidos em conluio com a Rússia ou obstrução à Justiça, dois dos principais focos da investigação. 

Mueller, encarregado da investigação de um possível conluio entre a equipe de campanha de Trump e Moscou, entregou seu relatório ao procurador-geral da Nação, Bill Barr, nesta sexta.

O relatório confidencial, que encerra uma investigação de quase dois anos sobre a interferência da Rússia na última eleição presidencial, será analisado agora por Barr, que não precisa torná-lo público, mas deve resumi-lo ao Congresso.

Em carta enviada ao Congresso, Barr se colocou "à disposição para informar sobre as principais conclusões do documento a partir deste fim de semana".

No documento, Barr diz aos legisladores que consultará seu adjunto, Rod Rosenstein, e Mueller para determinar o que mais do relatório poderá ser entregue ao Congresso e divulgado ao público. 

"Sigo comprometido com a maior transparência possível, e vou mantê-los informados sobre a situação", escreveu Barr.

Líderes democratas do Congresso reagiram exigindo o acesso pleno ao documento.

"É imperativo que  Barr torne público o relatório completo e que proporcione a documentação e o que encontrou ao Congreso", afirmaram a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, em comunicado conjunto.

Os dois destacaram que Barr "não deve dar ao presidente Trump, a seus advogados ou ao seu pessoal quanquer informação sobre provas ou conclusões do procurador especial Mueller, e que não se deve permitir que a Casa Branca interfira nas decisões...".

A Casa Branca recebeu positivamente a apresentação do relatório de Robert Mueller: "as próximas etapas estão a cargo do procurador-geral Barr, e desejamos que o processo siga seu curso". 

"A Casa Branca ainda não recebeu o relatório, nem foi informada sobre seu conteúdo", destacou a porta-voz Sarah Sanders. 

Trump nega enfaticamente qualquer vínculo impróprio de sua campanha com os russos, e considera que a investigação de Mueller é uma espécie de "caça às bruxas". 

Nesta sexta-feira, Trump reforçou sua campanha para jogar a opinião pública contra Mueller ao questionar que "um homem que não obteve um voto sequer" possa escrever um relatório sobre o presidente dos Estados Unidos.

"O povo não aceitará isto", declarou a jornalistas.