Primeiro-ministro do Iraque renuncia após pressão de líder xiita e manifestações

O anúncio ocorreu após semanas de distúrbios antigovernamentais que colocaram o país em direção a uma grave escalada de violência

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Adel Abdul Mahdi
Foto: AFP

Após semanas de protestos contra o governo iraquiano, o primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi anunciou nesta sexta-feira (29) que apresentará sua renúncia ao Parlamento do país.

A decisão ocorre depois de o principal líder xiita do Iraque, o aiatolá Ali al-Sistani, pedir aos legisladores que reconsiderassem o apoio a um governo abalado por manifestações violentas.

"Em resposta a este pedido e para facilitá-lo o quanto antes, vou apresentar ao Parlamento minha renúncia da liderança do atual governo", afirmou Mahdi em um comunicado.
A declaração não especifica quando ele apresentará a demissão – o Parlamento deve se reunir no domingo (29).

Na Praça Tahrir, em Bagdá, epicentro dos protestos que exigem há dois meses uma reforma do sistema e a renovação da classe política, uma multidão explodiu em celebração, de acordo com um correspondente da agência de notícias AFP. 

O anúncio ocorreu após semanas de distúrbios antigovernamentais que colocaram o país em direção a uma grave escalada de violência.

Os manifestantes protestam contra a corrupção e exigem empregos e serviços públicos de qualidade em um país rico em petróleo, mas no qual faltam eletricidade e água potável.

As forças iraquianas já mataram quase 400 manifestantes jovens e desarmados desde que protestos em massa contra o governo estouraram em 1º de outubro. Mais de uma dúzia de membros dos grupos policias também morreram em confrontos.

O incêndio do consulado iraniano na cidade sagrada de Najaf na quarta-feira (27) provocou uma resposta brutal das forças de segurança, que mataram mais de 60 pessoas em todo o país apenas na quinta-feira.

A agitação é a maior crise do Iraque há anos e coloca xiitas de Bagdá e do sul do país contra uma elite dominante xiita corrupta, vista como peões controlados pelo Irã.