Parte da juventude americana está ansiosa por votar em Trump pela 1ª vez

Jovens trumpistas dão justificativas para apostar na reeleição do republicano

Escrito por AFP ,
Legenda: Comício de Donald Trump atrai público jovem conservador
Foto: Foto: AFP

São jovens que gostam de Donald Trump por seu estilo direto, por sua política migratória e pelo impulso que deu à economia. São adolescentes, ou jovens na faixa de seus 20 anos, que, quando votarem pela primeira vez nas eleições de 2020 nos Estados Unidos, vão escolher o atual presidente.

Clay Danec e Olivia Myers, ambos de 18 anos, disseram que sabem há tempos em quem vão votar. Um evento em Columbus, capital de Ohio, do qual participaram, confirmou as convicções prévias destes dois alunos de uma escola cristã da região. Ohio é um estado rural, mas também industrial do centro dos Estados Unidos.

De boné e com um moletom, no qual se lê o slogan de campanha de Trump "Make America Great Again" ("Vamos fazer a América grande de novo"), Olivia conta que vem de uma família "conservadora".

Ela diz que já se informou sobre o que é direita e esquerda e que continua a ver Trump como aquele que melhor defende suas prioridades: a luta contra a imigração irregular e o direito a portar armas.

Seu companheiro Clay, também vestido com uma camiseta da campanha trumpista, concorda em que este é um tema de "valores e de crenças".

"Venho de uma família que trabalhou duro para prosperar (...) o fato de que Trump apoie que as famílias possam continuar ganhando dinheiro sem pagar muitos impostos é importante", diz ele, durante um ato da associação conservadora Turning Point USA, realizado no auditório da Universidade Estadual de Ohio.

Esta organização, que se declara independente da campanha de Trump, está presente em mais de 1.500 universidades em todo país. Atua, principalmente, nos campi dos chamados "swing states", os estados indecisos que oscilam seu apoio entre democratas e republicanos a cada eleição.

O comício acontece em meio a ataques contra a imprensa e contra a política tradicional em Washington, com muitos elogios à economia e à grandeza dos Estados Unidos. É uma mistura de comício e de "stand-up comedy", um estilo que Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA, aborda com perfeição.

Outra forma de rebeldia

No auditório, ele é ouvido por centenas de jovens. Um deles é John McCary, um adolescente de 17 anos que, em 3 de novembro de 2020, estará em idade de votar, e que ostenta orgulhoso seu boné com o slogan "Make America Great Again".

"Quando eu uso este boné, as pessoas acham que concordo com tudo que Trump diz", conta ele. "Não é assim, mas as pessoas não me ouvem. Por isso, eu gosto de usar o boné. Eu posso ter minhas próprias ideias", completa.

Os simpatizantes de direita entraram no auditório, em meio aos gritos e vaias de um grupo de jovens socialistas - palavra que, em algumas partes dos Estados Unidos, é quase um insulto.

Para Chris Battisti, um estudante de História de 24 anos que estava no grupo dos que vaiaram os futuros eleitores de Trump, é inconcebível que os jovens votem nele.

Battisti considera que esta opção política é uma forma rebeldia. "É a cultura punk de hoje em dia", afirmou.

Neste contexto, os jovens trumpistas não hesitam na hora de deixar algumas amizades pelo caminho, após revelar sua preferência política, reconhece Andrea Spiegler.

Esta estudante de Economia de 20 anos conta que não acredita nas promessas dos democratas de um seguro médico universal e de um cancelamento da dívida dos estudantes universitários.

"Se você quer algo, tem que trabalhar por isso. Tenho dois empregos e pago minha dívida sem problemas", sustenta.

Em relação às alegações de que Trump é misógino e racista, Janie Kopus, de 19, responde que os incidentes relacionados a estas acusações "aconteceram há muito tempo".

Nate Turner, de 21, responsável pela sede da associação, admite, porém, que mantém uma distância crítica da retórica polarizadora do presidente.

"Às vezes publica declarações realmente muito divertidas no Twitter e eu curto logo. Mas, às vezes, deveria ficar com a boca fechada um pouco, se não quiser afastar muitos eleitores que poderiam apoiá-lo, mas que vão votar em outros, se ele for longe demais", afirma.