Parlamentares americanos pedem que EUA defendam direitos humanos no Brasil

A carta, assinada por trinta congressistas, afirma que o presidente Jair Bolsonaro "ameaça as minorias" e "coloca em risco o futuro democrático do país"

Escrito por FolhaPress ,
Legenda: Em janeiro, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA já havia aprovado um pedido para que Mike Pompeo condenasse algumas ações de Bolsonaro justamente na área de direitos humanos
Foto: Foto: Vladimir Simicek / AFP

Parlamentares americanos enviaram na segunda-feira (4) uma carta ao secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, para pedir que o governo de Donald Trump defenda os direitos humanos no Brasil.

No texto de quatro páginas, os congressistas afirmam que o presidente Jair Bolsonaro "ameaça as minorias" e "coloca em risco o futuro democrático do país" e se dizem "desapontados" com os elogios feitos por integrantes do governo americano ao brasileiro. 

"Desde a eleição de Bolsonaro como presidente, estamos particularmente alarmados com a ameaça da agenda de Bolsonaro à comunidade LGBTQ+ e outras minorias, mulheres, sindicalistas e dissidentes políticos no Brasil. Estamos preocupados porque, ao visar direitos políticos e sociais duramente conquistados, Bolsonaro está colocando em risco o futuro democrático a longo prazo no Brasil", diz a carta assinada por trinta parlamentares.

Os congressistas americanos afirmam ainda que, após medidas do novo governo brasileiro como o decreto que ampliou o acesso a armas no país, ficou claro que a violência contra a mulher, por exemplo, "não será prioridade" de Bolsonaro e sua equipe.

Essa não é a primeira vez que representantes do Congresso dos EUA endereçam a Pompeo, responsável pela política externa americana, críticas ao governo Bolsonaro - com quem Donald Trump tem estabelecido boa relação desde a eleição do brasileiro, em outubro do ano passado.

Em janeiro, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA aprovou um pedido para que Pompeo condenasse algumas ações de Bolsonaro justamente na área de direitos humanos. O deputado democrata Eliot L. Engel, de Nova York e presidente do colegiado, disse que as decisões do presidente brasileiro prejudicam a comunidade LGBT, afro-brasileiros e indígenas.

Na carta desta semana, os parlamentares citam a renúncia do mandato e saída do Brasil do ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que disse estar se sentindo ameaçado por ser gay no país durante a gestão do novo presidente, e afirmam que a democracia do Brasil "ainda está se desenvolvendo" e, portanto, precisa estar "particularmente vigilante em proteger suas instituições e separação de poderes".

O texto, remetido a Pompeo pela deputada Susan Wild, da Pensilvânia, diz que "antes mesmo da eleição de Bolsonaro" as ameaças à democracia brasileira eram "claras". 

O exemplo na carta é a prisão do ex-presidente Lula, em abril do ano passado. Segundo os parlamentares americanos, o petista foi "barrado de concorrer em circunstâncias controversas" que tiraram "o direito das pessoas escolherem livremente seu presidente".

Por fim, os deputados afirmam que o próprio Bolsonaro demonstra "hostilidade" em relação à democracia quando diz que é um admirador da ditadura, elogia a tortura e sugere perseguição a inimigos políticos.

Eles dizem que vão continuar acompanhando de perto a situação no Brasil, mas pedem quem Pompeo, como autoridade americana para a política externa, advogue pelos direitos fundamentais e dignidade do povo brasileiro.