Papa Francisco lançará na próxima quarta, 12, a esperada exortação apostólica sobre a Amazônia

Considerado um dos pontos mais controversos aprovados, a possível ordenação de homens com família constituída e estável com a autorização para celebrar os sacramentos na Amazônia poderia desencadear um cisma com os defensores do celibato

Escrito por AFP ,
Legenda: Papa Francisco
Foto: AFP

O papa Francisco divulgará na quarta-feira (12) a exortação apostólica “Querida Amazônia”, texto oficial de seu pontificado no qual reúne os pedidos dos bispos dessa imensa região sul-americana, informou o Vaticano nesta sexta-feira (7).

O pontífice argentino deve se pronunciar, entre outras coisas, sobre a controversa proposta de autorizar a ordenação sacerdotal dos chamados “viri probati”, homens casados com uma vida impecável, muitos deles indígenas, para fazer frente à escassez de sacerdotes na região.

O documento papal será apresentado à imprensa pelo cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos, pelo cardeal Michael Czerny, subsecretário da seção de Migrantes e Refugiados do dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, que foi o secretário especial do sínodo da Amazônia.

Também haverá o jesuíta Adelson Araújo dos Santos, professor de Espiritualidade da Pontifícia Universidade Gregoriana e a irmã Augusta de Oliveira, vigária geral das Servas de Maria Reparadoras.

Foram convidados também Carlos Nobre, Prêmio Nobel da Paz de 2007 e, através de videochamada participará o bispo peruano David Martínez de Aguirre, de Puerto Maldonado.

Amazônia: Bento XVI pede ao papa para abandonar ideia de ordenação de homens casados

No total, 184 bispos, a maioria latino-americanos, reunidos em outubro passado no Vaticano para o sínodo sobre a Amazônia, aprovaram um documento pedindo a introdução do “pecado ecológico”, bem como a possibilidade de ordenar sacerdotes casados e contar com mulheres diáconos, questões que são tabu para católicos conservadores.

Considerado um dos pontos mais controversos aprovados, com 128 votos a favor e 41 contra, a possível ordenação de homens que tenham uma família constituída e estável com a autorização para celebrar os sacramentos em áreas remotas da Amazônia, poderia desencadear um cisma com os defensores do celibato.

O debate foi alimentado no início do ano com a publicação de alguns trechos do livro intitulado “Das profundezas de nossos corações”, assinado inicialmente pelo papa emérito Bento XVI e pelo cardeal ultraconservador Robert Sarah, no qual defendem fervorosamente o celibato.

“Não podemos nos calar”, argumentaram os dois autores diante da possibilidade de que Francisco aprove a ordenação de homens casados.

Devido às controvérsias, o papa emérito retirou sua assinatura do livro. Seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein, que também atuou como prefeito da Casa Pontifícia sob Francisco, teve “suas funções reduzidas” e “recebeu uma permissão para que se dedique mais tempo a Bento XVI”, uma sanção elegante de sorte.

Várias versões da exortação vazaram para a imprensa, entretanto nenhuma é confiável. Deve-se esperar o texto oficial que será distribuído na quarta-feira, 12 de fevereiro.