Neozelandeses entregam armas após massacre

A entrega voluntária de armas e munições ocorre menos de uma semana depois do ataque que deixou 50 mortos em duas mesquitas do país

Escrito por Estadão Conteúdo / AFP ,
Legenda: Na segunda-feira (18), a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, disse que o governo vai propor uma reforma na lei sobre armas
Foto: Foto: Marty Melville / Office of Prime Miniter New Zealand / AFP

Menos de uma semana após o ataque a tiros que deixou 50 mortos em duas mesquitas em Christchurch, muitas pessoas têm entregado voluntariamente suas armas e munição.

O governo local iniciou um processo para alterar a lei de armas no país em meio aos crescentes pedidos da população por um controle mais rigoroso. Estima-se que exista 1,1 milhão de armas de fogo na Nova Zelândia.

Vítimas começam a ser enterradas

Os funerais das 50 vítimas dos atentados começarão nesta quarta-feira (20), após uma angustiante espera de cinco dias para as famílias, informaram as autoridades locais.

"O primeiro enterro de uma vítima do trágico tiroteio da sexta-feira, 15 de março, na mesquita será realizado na manhã desta quarta", segundo comunicado da administração de Christchurch, a cidade onde ocorreram os atentados.

"O corpo será levado ao lugar, uma área reservada coberta com um toldo onde estará a família", disse a porta-voz da administração, Jocelyn Ritchie. 

"Depois de um curto tempo para as orações, a família e os amigos levarão o corpo para o local do sepultamento", acrescentou, sem identificar a vítima.

Cinquenta pessoas foram assassinadas na sexta-feira durante as orações da tarde por um australiano de 28 anos que invadiu duas mesquitas armado com um fuzil. Brenton Tarrant, que se identifica como um supremacista branco, divulgou um "manifesto" racista antes de atacar as mesquistas e transmitiu a ação ao vivo por uma rede social.

Pelo costume muçulmano, os mortos devem ser enterrados o mais rápido possível, mas devido à magnitude e ao impacto da tragédia a liberação dos corpos foi lenta. 

O comissário de polícia Mike Bush disse que o processo de liberação foi demorado por conta da necessidade de identificar as vítimas e a causa da morte sem deixar qualquer tipo de dúvidas para não prejudicar o processo judicial. 

Até a terça-feira, 21 corpos foram identificados, acrescentou o oficial. 

Cerca de 120 pessoas trabalham para "garantir com precisão absoluta este processo de identificação" e manter contato com as famílias, que expressaram sua revolta pela lentidão da operação. 

"Devemos provar a causa da morte conforme estabelece a medicina forense, para o juiz", acrescentou Bush. "Não se pode condenar por assassinato sem essa causa de morte".

Segundo uma lista que circula entre as famílias, as vítimas tinham entre três e 77 anos. Muitos oriundos da região, mas outros eram imigrantes de países como Egito e Jordânia.