Na África, pandemia avança lentamente, mas o continente precisa acordar, diz OMS

O continente tem, até agora, 798 casos confirmados em 34 dos 54 países

Escrito por FolhaPress ,
Legenda: Em Joanesburgo, um homem usa máscara improvisada durante oração numa mesquita
Foto: Foto: AFP

Até agora, a África parece ter sido poupada do pior da pandemia. Com apenas 0,33% dos casos globais, a infecção pelo coronavírus vem crescendo em passos lentos no continente. No entanto, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, durante coletiva, disse "a África, meu continente, precisa acordar".

"É preciso evitar grandes concentrações e fazer todo o possível para cortar [a pandemia] pela raiz, esperando que o pior pode acontecer", acrescentou Tedros.

Até a noite desta quinta-feira (19), o continente africano contava com 798 casos. Na última quarta-feira, a África Subsaariana registrou a primeira morte pelo coronavírus. No entanto, a previsão de médicos e autoridades locais é que a situação piore em breve. 

"Estamos no início da curva, sob muita pressão pelo que virá em breve. Estamos trabalhando 24 horas por dia, sem direito a descanso", declarou Adriano Duse, chefe do Departamento de Microbiologia e Doenças Infecciosas da Universidade Witwatersrand, uma das mais importantes da África do Sul.

A lenta marcha das estatísticas na África pode ter sido afetada por problemas de detecção do vírus pelos deficientes sistemas de saúde locais. Mas é resultado, sobretudo, da posição periférica do continente nas cadeias globais, disse Elizabeth Sidiropoulos, diretora do Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais, um dos principais think tanks do continente.

"A integração da África com o resto do mundo é assimétrica", afirma Sidiropoulos. "A África tem sistemas de saúde que só podem ser descritos como frágeis, com algumas exceções localizadas em países como África do Sul, Quênia e o norte do continente", acrescentou.

Por outro lado, o continente tem uma população de maioria jovem. Apenas 5% do 1,3 bilhão de africanos têm mais de 65 anos de idade, principal grupo de risco. Na Itália, um dos países que mais sofrem com a crise, são 23%.

No domingo (15), o governo sul-africano declarou "estado de desastre nacional", proibindo viagens para países com altos índices de infecção e reuniões de mais de cem pessoas, entre outras medidas.

Em Joanesburgo, até mesquitas e templos aderiram as indicações do governo e limitaram o número de participantes dos momentos de oração. 

 

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