Morre Ben Ali, ex-ditador da Tunísia deposto pela Primavera Árabe

O ex-presidente estava exilado desde 2011, quando foi deposto pela revolução que inspirou a Primavera Árabe

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Ex-presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali acena para a multidão ao chegar ao estádio Rades, onde proferiu seu discurso no 50º aniversário da independência da Tunísia da França
Foto: AFP

Zine El Abidine Ben Ali, 83, ex-ditador da Tunísia, morreu nesta quinta-feira (19), na Arábia Saudita, onde estava exilado. A informação foi confirmada por seu advogado, Mounir Ben Salha, e pelo ministério das Relações Exteriores da Tunísia.

Ben Ali chegou ao poder em 1987 por meio de um golpe não violento contra o então presidente Habib Bourguiba, de quem era primeiro-ministro.

A tomada de poder ocorreu três semanas após Ben Ali ter sido nomeado para o cargo de premiê. Ele reuniu uma equipe de médicos que diagnosticou Bourguiba como senil, o que o lançou automaticamente para a chefia de Estado.

Ele foi o segundo governante da ex-colônia francesa após sua independência, em 1956.

Acusado de violações de direitos humanos, Ben Ali renunciou durante a Primavera Árabe, em 2011, e fugiu para a Arábia Saudita em janeiro daquele ano. O então ditador foi sentenciado a 35 anos de prisão, mas nunca respondeu ao processo.

Sua primeira década como presidente é lembrada pela reestruturação econômica apoiada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pelo Banco Mundial que possibilitou à Tunísia uma taxa de crescimento pouco acima de 4% ao ano.

Mas seu governo ficou marcado, principalmente, pelo silenciamento de dissidentes políticos, aumento da desigualdade e por acusações de corrupção.

Seu retrato era exibido em estabelecimentos de todo o território, incluindo comércios e escolas. Nas poucas ocasiões em que foi submetido a votação, saiu reeleito com mais de 99% dos votos.

A Tunísia é o único país que viveu a Primavera Árabe a continuar no caminho da democratização. Após o levante de 2011, ganhou uma nova constituição, eleições livres e um governo de coalizão entre laicos e islâmicos moderados.

No último domingo (15), os tunisianos participaram da segunda eleição presidencial da história do país, que será decidida em um segundo turno previsto para outubro.