Maré recorde em Veneza deixa dois mortos e gera estado de desastre

'Acqua alta' atingiu 1,87 m segundo o Centro de Marés da cidade italiana, a maior desde novembro de 1966

Escrito por Folhapress ,
Legenda: A praça de São Marcos, a principal de Veneza, ficou debaixo de mais de um metro de água
Foto: Marco Bertorello/AFP

O prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, declarou a cidade como uma zona de desastre nesta quarta-feira (13), depois que a segunda maior enchente já registrada atingiu a cidade de madrugada, inundando sua basílica histórica e deixando muitas praças e travessas debaixo de muita água.

A mídia italiana relatou ao menos duas mortes. Uma moradora de Pellestrina, uma das muitas ilhas da lagoa veneziana, morreu ao ser atingida por um raio enquanto usava uma bomba de água elétrica, informou o corpo de bombeiros.

Autoridades municipais disseram que o nível da água chegou a 187 centímetros às 22h50 de terça-feira (12), pouco abaixo do recorde de 194 centímetros, de 1966.

Imagens noturnas mostraram uma torrente de água atiçada por ventos fortes se arrastando pelo centro da cidade. Luca Zaia, governador da região de Vêneto, descreveu uma cena de "devastação apocalíptica".

O prefeito Luigi Brugnaro disse que a situação é dramática. "Pedimos ao governo que nos ajude. O custo será alto. Este é o resultado da mudança climática", escreveu no Twitter.

A praça de São Marcos ficou debaixo de mais de um metro de água, e a Basílica de São Marcos adjacente foi inundada pela sexta vez em 1.200 anos -mas a quarta nos últimos 20.

Brugnaro disse que a basílica sofreu "danos graves", mas não havia detalhes disponíveis sobre seu interior essencialmente bizantino, famoso por seus mosaicos ricos.

O procurador do prédio, Pierpaolo Campostrini, recordou que, em toda a história da basílica -construída em 828 e reconstruída em 1063, após um incêndio-, o vestíbulo só foi inundado em cinco ocasiões. No entanto, 3 das 5 grandes inundações ocorreram nos últimos 20 anos. A última em 2018.

Uma barreira anti-inundação foi concebida em 1984 para proteger Veneza do tipo de maré alta que arrasou a cidade na terça-feira, mas o projeto de vários bilhões de euros, conhecido como Mose, vem sendo assolado a escândalos de corrupção e ainda não está em operação.